
A informação faz parte de um estudo em que se analisou a incidência de doenças relacionadas com o saneamento ambiental inadequado no Brasil, com dados reunidos entre 2008 e 2024.
No ano passado, a maior parte dos internamentos por falta de saneamento básico adequado foram causadas por doenças transmitidas por inseto vetor (49% do total, ou 168,7 mil internamentos). O termo "inseto vetor" é utilizado para descrever insetos que agem como agentes transmissores de doenças. Quase a totalidade deste número (164,5 mil internamentos) foi provocada pelo vírus da dengue, que assola o país desde 2020.
O segundo grupo com mais internamentos em hospitais públicos brasileiros foi o de doenças de transmissão por fezes (47,6%) com 163,8 mil casos.
No estudo aponta-se que a universalização do saneamento básico no Brasil reduziria em 86.760, anualmente, o número de internamentos por doenças relacionadas com a falta de saneamento básico.
Considerando os óbitos, os dados mais recentes destacados na análise do Instituto Trata Brasil apontam que o Brasil registou um total de 11.544 mortes provocadas por doenças relacionadas a falta de saneamento básico em 2023.
Quando se olha para a taxa de incidência de óbitos nota-se uma incidência bastante alta entre as crianças até aos 4 anos e ainda maior entre os idosos.
"O avanço do saneamento básico no Brasil irá reduzir a incidência de uma série de doenças, que infelizmente, (...) impactam mais severamente as crianças, os idosos, mulheres e pessoas autodeclaradas mulatas, asiáticas e indígenas", destacou Luana Pretto, presidente do Instituto Trata Brasil.
No estudo salienta-se ainda que a universalização do saneamento deveria acontecer num ritmo mais acelerado do que o atual para que o Brasil possa "melhorar a expectativa e qualidade de vida das populações mais vulneráveis".
Em 2024, cerca de 90 milhões de brasileiros viviam sem saneamento básico e quase 32 milhões sem acesso a água potável, segundo dados do Ranking do Saneamento 2024 do Instituto Trata Brasil.
CYR // JMC
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