O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta quarta-feira perceber a ideia do Presidente brasileiro, Lula da Silva, de celebrar o 2 de Julho como Dia Nacional da Consolidação da Independência do Brasil.

Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre este assunto na Cidadela de Cascais, no distrito de Lisboa.

"Eu percebo a ideia", respondeu o chefe de Estado português.

"A ideia é a seguinte: houve, de facto, a independência, o chamado grito do Ipiranga d o príncipe regente D. Pedro, que viria a ser o primeiro imperador do Brasil, e depois houve, de facto, em algumas partes do Brasil resistências nomeadamente de militares portugueses", enquadrou.

O Presidente da República acrescentou que houve "militares portugueses que entenderam que não se justificava seguir o passo do futuro imperador do Brasil" e que a Bahia foi "dos últimos pontos do futuro império brasileiro a aderir à independência".

"E, portanto, eu percebo a ideia. A ideia é dizer que foi o facto de essa rebelião ter sido superada, vencida , que consolidou o passo de D. Pedro dado inicialmente. Corresponde à História", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que "de facto, a iniciativa é de D. Pedro, embora com o apoio generalizado de brasileiros e das forças armadas que apoiavam até então o príncipe regente, mas é verdade que houve algum tempo até haver essa consolidação, e que a consolidação é vista como uma espécie de confirmação do que aconteceu no momento da declaração da independência".

Interrogado se não vê na proposta de Lula de instituir o 2 de Julho de 1823 como Dia da Consolidação da Independência uma tentativa de mudar um pouco a História, contrapôs: "A História é assim mesmo".

O chefe de Estado repetiu que foi de D. Pedro "o primeiro passo de romper as relações" com o império português, mas que "houve um movimento militar e popular seguinte que reforçou esse passo", salientando que "isso é um facto".

"É a mesma coisa que em Portugal discutir-se acerca do 25 de Abril", comparou, referindo que "no processo revolucionário há várias fases, e portanto pode-se perfeitamente dizer que o mérito inicial é dos capitães de Abril, mas não há dúvida que depois se consolida pela importância do movimento popular e pela evolução do processo militar".

Lula quer que 2 de julho seja celebrada a Consolidação da Independência do Brasil

Lula da Silva quer que no dia 2 de julho seja celebrada a Consolidação da Independência do Brasil. A proposta deu esta quarta-feira entrada no Congresso.

A data marca a expulsão definitiva das tropas portuguesas de território brasileiro, em 1823.

Lula da Silva defendeu que é importante ser conhecido e ensinado "que apenas em 2 de julho de 1823 é que o povo baiano expulsou definitivamente os portugueses do Brasil".

O Presidente do Brasil reforçou a importância da divulgação de informação sobre a história do país.

E ressalvou que tem "todo o respeito" pelo 7 de setembro, feriado nacional, em que se celebra a declaração da independência do Brasil, em 1822.