Luís Marques Mendes escolheu regressar às origens para lançar, de forma oficial, a candidatura às eleições presidenciais. Em Fafe (Braga), terra onde cresceu e começou a sua carreira polícia, o antigo líder do PSD apresenta-se como aspirante a Presidente da República.
"Tinha de ser aqui”, disse o candidato, à chegada do auditório da Santa Casa da Misericórdia de Fafe, a que foi atribuído o nome do seu pai, António Marques Mendes, fundador do PSD no distrito e ex-deputado na Assembleia da República e no Parlamento Europeu.
Luís Marques Mendes, que conta com o apoio do primeiro-ministro Luís Montenegro, não fez convites à ninguém, à exceção do presidente da Câmara de Fafe, ficando para futuras sessões a presença de figuras nacionais do PSD.
“Momento de retribuir ao meu país”
Marques Mendes subiu ao palco do auditório, diante de muitos amigos e pessoas do círculo íntimo do antigo comentador da SIC, para dizer que “chegou o momento de retribuir ao país”.
“Caros portugueses e portuguesas, ao longo de uma vida todos temos momentos especiais. Momentos de afirmação, de decisão. Este hoje é para mim um destes momentos especiais. É, sobretudo, um momento de retribuir. Quero retribuir ao meu país o muito que me deu ao longo dos anos, em conhecimento, experiencia e oportunidades.”
O antigo líder do PSD, entre 2005 e 2007, apresentou seis “compromissos” ao país, sendo o primeiro o de “unir Portugal”. Falou em ética, estabilidade e “construção de pontes”.
"O Presidente da República tem de ser um construtor de pontes em favor da estabilidade e do progresso coletivo. É preciso evitar crises políticas. Não podemos passar o tempo em dissoluções e eleições antecipadas. Isso não é modo de vida", disse Marques Mendes, numa tentativa de distanciar-se de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Não é tempo de aventuras ou tiros no escuro”
A cerca de um ano das eleições, com as sondagens a apontarem para um favoritismo claro de Gouveia e Melo, o candidato do PSD aproveitou o momento para realçar que “não existe Presidência sem política”.
“É importante sublinhar que o cargo da Presidência da República é um cargo politico. Assim, deve ser exercido por quem tem experiência política. Não existe Presidência sem política”, afirmou Marques Mendes, realçando que “não é tempo de aventuras ou tiros no escuro”.
“Um país seguro é um grande ativo nacional”
A segurança foi um das causas escolhidas. Para Marques Mendes, “um país seguro é um grande ativo nacional” e, para isso, “não precisamos de estratégias securitárias”.
“Precisamos de forças de segurança devidamente motivadas e de um debate sobre segurança que seja informado e rigoroso.”
Para se candidatar a Belém, Marques Mendes deixou o comentário político, após 12 anos na SIC. No entanto, em Fafe, revelou que também deixou o cartão de militante do PSD para ser o “Presidente de todos os portugueses”.
“Não por renegar origens e convicções, mas para, num ato simbólico, reafirmar o meu compromisso com uma magistratura de isenção, independência e imparcialidade.”
Antes do discurso principal, o presidente da Câmara de Fafe, Antero Barbosa, agradeceu ao “amigo” por ter regressado à “casa” para anunciar a candidatura.
"É uma honra ter um cidadão de Fafe como candidato a Presidente da República."
"Avanço com total confiança"
No domingo, no seu último comentário televisivo na SIC, Luís Marques Mendes justificou a sua candidatura a Belém por entender, depois de uma reflexão pessoal e de "ouvir muita gente", que podia ser útil ao país e elegeu três grandes causas: ambição, estabilidade e ética.
"Nós não podemos passar a vida em crises políticas, nós não podemos passar a vida em dissoluções e eleições antecipadas", considerou, defendendo que para tal "é preciso ter alguma capacidade de fazer pontes".