Sempre sem comentário se é ou não candidato nas próximas presidenciais, Luís Marques Mendes posiciona-se quanto ao presidente que quer: “vai ter de ser um construtor de pontes”. No habitual espaço de comentário, ao domingo, na SIC, insistiu na necessidade que o próximo chefe de Estado naquela que considera ser “uma função muito importante”.

“O próximo Presidente da República, qualquer que seja, vai ter uma função muito importante, vai ser um construtor de pontes”, disse. E continuou: “vai ter papel importante de pontes de entendimento entre Governo e oposição em questões orçamentais e fora delas. O mundo está no estado em que está, difícil; uma Assembleia da República fragmentada, nunca aconteceu; um Governo minoritário, mais minoritário de sempre”. Por isso, acrescentou ainda, é decisivo “evitar instabilidade, que não ajuda à ambição”.

Sobre os nomes que nas últimas semanas têm surgido como potenciais candidatos - sem nunca mencionar se também o próprio o é -, Marques Mendes considerou como uma situação “normal”. “Estas decisões são muito pessoais e individuais. Portanto, acho legítimo que pessoas, à direita e à esquerda, manifestem tal inclinação.”

Este posicionamento em relação ao próximo Presidente, explicou, surge de uma reflexão após “a grande novela orçamental”. Sobre o orçamento para o próximo ano, aprovado esta semana, o comentador disse que o resultado alcançado “é o possível, mas isso já toda a gente sabia”. “Em circunstâncias normais, se [o Governo] tivesse maioria, seria mais ambicioso e mais reformista.”

Ainda assim deixou quatro notas sobre o documento que vai orientar as contas do Estado em 2025. Desde logo “é positivo que haja orçamento, porque significa estabilidade para o país”, depois porque, continuou, “é um orçamento muito positivo para os jovens” e ainda porque manda um “sinal positivo para as empresas e para o investimento” devido à descida do IRC. “As pessoas dirão que é uma redução ligeira, mas isto é um OR que resulta de negociações”. Por último, Marques Mendes sublinhou ainda as medidas tomadas para pensionistas e reformados, “o sector mais beneficiado pelo orçamento”. “A maioria das pensões vão ter um aumento de 3,6%.”

No seguimento da avaliação do documento aprovado, Marques Mendes ainda referiu que foi “de mau gosto” a forma como o Chega decidiu contestar a reposição dos 5% nos vencimentos dos políticos. “Nem percebo a contestação, nem a forma”, disse logo. “Não houve nenhum aumento, é uma reposição quando já todos os cortes do tempo da troika foram revertidos.”

E ainda deixou uma sugestão aos partidos que se opuseram à medida: “quando receberem o seu salário em janeiro, podem doar os 5% a mais. Indignarem-se muito e receberem o dinheirinho..."

Montenegro fez “má gestão de expectativas”

Deixando de lado a possibilidade de uma remodelação no Governo - “ficaria muito surpreendido se acontecesse”, disse -, Marques Mendes admitiu compreender as críticas que foram feitas a Luís Montenegro quanto à forma como falou ao país na passada quarta-feira.

A declaração não devia ter sido pelo primeiro-ministro, nem daquela forma com pompa e circunstância, nem em prime time porque depois não corresponde”, começou por dizer. “É uma má gestão de expectativas.” Na sua opinião, cabia à ministra da Administração Interna fazer a comunicação e num horário "durante a manhã ou à tarde".

[Não foi a ministra] porque não tem um estatuto forte que um ministro da Administração interna deve ter”, referia. “Deveria ter sido ela porque [o conteúdo] não tinha gravidade nem novidade.”

Quanto ao conteúdo, garantiu, Marques Mendes já não acompanha as críticas. “O país tem problemas de segurança, não são graves, mas tem. É natural e positivo que estejam a acompanhar o assunto para as pessoas sentirem que o Governo está em cima do assunto”, considerou. “Parece-me que o Governo ter visibilidade nessa matéria não gera insegurança, mostra que está atento.”