A USAM – União dos Sindicatos da Madeira promoveu, hoje, uma arruada entre a sede do Sindicato da Hotelaria e a Quinta Vigia, que juntou aproximadamente 50 trabalhadores sindicalizados, à entrada da residência oficial do presidente do Governo Regional.

A iniciativa teve por objectivo entregar a Miguel Albuquerque uma moção, aprovada num debate sobre a situação da contratação colectiva na Região, que precedeu a arruada e contou com a participação de Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP-IN.

"Nós somos trabalhadores, nós somos aqueles que todos dias fazem falta no seu local trabalho. Nós somos aqueles que todos os dias sentem as dificuldades, as amarguras com que as políticas que têm sido seguidas nos confrontam e nos colocam", começou por afirmar o dirigente sindical aos jornalistas no local.

Tiago Oliveira deu conta que, durante o debate, que decorreu durante a tarde, no Sindicato da Hotelaria da Madeira, foram identificados "um conjunto de problemas" que são comuns aos trabalhadores da Região e de Portugal continental.

Meia centena protesta por melhores salários e direito à greve em frente à Quinta Vigia
Meia centena protesta por melhores salários e direito à greve em frente à Quinta Vigia dnoticias.pt

"Questões como os salários, questões como à precariedade, questões como a desregulação dos horários de trabalho, questões como o ataque em curso aos serviços públicos, ao Serviço Nacional de Saúde, à escola pública, à Segurança Social. Questões centrais como o ataque que está aí em curso ao direito à greve", apontou.

Sobre este último ponto, o secretário-geral da CGTP-IN sublinhou ainda que "o ataque ao direito à greve é um ataque a Abril, é um ataque aos direitos dos trabalhadores".

Vivemos 48 anos de ditadura fascista, 48 anos em que os trabalhadores não podiam fazer greve, 48 anos em que aos trabalhadores era denegado o direito de manifestação, 48 anos em que aqueles que queriam e faziam valer da luta o impulso para a vida que queriam, corriam o risco da tortura e da prisão Tiago Oliveira

Em causa, estão a intenção tornada pública pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, de propor alterações à lei laboral, incluindo à lei da greve, com o argumento de "encontrar equilíbrio entre o direito à greve e os serviços mínimos".

"Em nenhum momento contem com a CGTP na regressão dos direitos e das conquistas dos trabalhadores", sublinhou Tiago Oliveira durante a sua intervenção no Funchal.

Na moção que foi aprovada, esta tarde, por unanimidade, e entregue na residência oficial do presidente do Governo Regional constam reivindicações como: "o aumento dos salários para todos os trabalhadores em, pelo menos 15%, não inferior a 150 euros", a fixação do Salário Mínimo Nacional nos 100 euros, com acréscimo de 8% na Região" ou a redução do horário para as 35 horas de trabalho semanal para todos".

"Apelamos para que essas medidas sejam implementadas e para que o Governo Regional tenha em atenção aquelas que são as nossas preocupações, aquela que é a realidade dos trabalhadores, das nossas famílias, de quem trabalha e daqueles que lutam para que a nossa Região seja uma Região mais próspera", reforçou por seu turno Alexandre Fernandes.

Tanto que o Governo Regional se vangloria do belíssimo momento económico que a Região vive, de todos os recordes que são batidos diariamente, os trabalhadores não sentem essa pujança económica. Continuamos com dificuldades, continuamos com precariedade, continuamos a sentir que as necessidades mais básicas não são atendidas Alexandre Fernandes

O coordenador da USAM lamentou, ainda a falta de resposta por parte do executivo madeirense.

"Uma vez mais e apesar das inúmeras vezes que aqui temos estado (...) infelizmente nós não temos sido atendidos. Nenhuma simples resposta nos tem sido dada, mas não é por causa disso que vamos deixar de lutar", rematou.