O candidato presidencial Luís Marques Mendes desafiou hoje a ministra da Saúde a explicar a razão dos vários problemas do setor e o que está a ser feito para os solucionar.

"Acho mesmo que é urgente a ministra da Saúde fazer duas coisas. Uma é vir publicamente explicar porque é que esta situação está no estado em que está, a segunda é explicar aos portugueses o que é que está a ser feito para resolver estes problemas", disse Marques Mendes em em Albufeira.

O candidato afirmou olhar para a situação na saúde "com muita preocupação" e insistiu em que "uma explicação é urgente", porque "o silêncio relativamente à questão de fundo é ensurdecedor", não sendo necessário neste momento "saber de quem é ou não é a responsabilidade".

"Eu, como acho que milhões de portugueses, querem saber porquê é que o número de partos em ambulâncias está a aumentar, porque é que o número de urgências fechadas está a subir", afirmou Marques Mendes, acrescentando ser "obrigatório que a ministra da Saúde venha rapidamente explicar".

O candidato presidencial fez estas declarações no final de uma visita à estrutura residencial para idosos, centro de dia e creche da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, acompanhado pelo presidente desta autarquia do Algarve, José Carlos Rolo.

Na última semana, duas mulheres grávidas, da região de Setúbal, perderam os seus bebés, e um homem em estado grave esperou mais de cinco horas para ser transferido do Hospital da Covilhã para os Hospitais da Universidade de Coimbra.

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmou hoje que está "absolutamente de consciência tranquila" e nunca irá desistir das missões que lhe forem confiadas pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.

Marques Mendes recordou que em março passado já tinha pedido um pacto entre os partidos para tentar salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O candidato respondeu desta forma a um outro candidato presidencial, António José Seguro, que na segunda-feira tinha defendido um acordo de regime entre todos os partidos, Governo e Presidente da República para salvar o SNS.

Por outro lado, Marques Mendes considerou que o processo legislativo da discussão da Lei da Nacionalidade "deve ser corrigido nos próximos dias e nas próximas semanas", afirmando concordar com o que disse o Presidente da Assembleia da República.

"Esta lei, tal como está, tem problemas de constitucionalidade. Portanto, corre o risco de chumbar no Tribunal Constitucional. E por isso, eu faria um apelo aqui ao Governo e aos partidos da oposição neste sentido, um apelo construtivo", disse Luís Marques Mendes.

O candidato também observou que é "lamentável" usar crianças para fazer luta política: "É de muito mau gosto", disse, numa referência ao uso de nomes de crianças imigrantes no plenário da Assembleia da República pelo Chega na passada sexta-feira.

O presidente do Chega, André Ventura, considerou na segunda-feira que Portugal se debate com um problema de inversão demográfica, quando nos nomes de uma escola já não há um João, uma Maria e um Pedro.

"Quando olhamos para os nomes numa escola e não conseguimos encontrar um André, um João, uma Maria, uma Joana, um Pedro, há um problema. Significa que está a haver uma inversão demográfica", afirmou, numa tentativa de desdramatizar a citação de nomes de menores imigrantes por deputados do Chega num debate no parlamento na sexta-feira.