
Milhares de pessoas voltaram a manifestar-se hoje em Rabat, capital marroquina, para exigir o fim da guerra na Faixa de Gaza e o corte das relações diplomáticas entre Marrocos e Israel.
O protesto, organizado pela Frente Marroquina de Apoio à Palestina e Contra a Normalização, foi organizado sob o lema "Contra os assassinatos, a deportação [dos palestinianos de Gaza] e a normalização", em referência às relações diplomáticas de Marrocos com Israel.
Os manifestantes, grande parte dos quais pertencentes ao movimento islamista Justiça e Caridade - da oposição e não participante nas eleições -, entoaram palavras de ordem como "a Palestina foi vendida por traidores", "Gaza é um símbolo de orgulho", "o povo quer derrubar a normalização" e "prontos a sacrificar-se por Gaza", segundo a agência EFE.
Os participantes, que exibiam fotografias de líderes do grupo islamista Hamas - a autoridade "de facto" em Gaza - mortos por Israel, como Ismail Hanieh e Yahia al-Sinwar, ergueram bandeiras palestinianas, assim como fotografias da destruição em Gaza e das vítimas dos ataques israelitas.
De todas as idades e géneros, os manifestantes deslocaram-se da histórica praça Bab el Had em direção ao parlamento, passando pelas avenidas centrais Hassan II e Mohammed V, depois de as autoridades terem suspendido o trânsito durante o evento.
Na sequência do ataque do Hamas, em 07 de outubro de 2023, que causou mais de 1.200 mortos e 240 israelitas raptados, Israel declarou guerra e lançou uma ofensiva militar contra o enclave palestiniano que, até ao momento, causou mais de 50.600 vítimas, segundo um balanço preliminar do Ministério da Saúde do governo do Hamas.
Desde o início da guerra que grupos islamistas e de esquerda marroquinos organizam protestos semanais em diferentes cidades marroquinas para manifestar o seu apoio ao Hamas, apelar ao fim dos bombardeamentos israelitas e exigir a entrega de ajuda humanitária às vítimas em Gaza.
O rei Mohamed VI condenou em 29 de novembro "as violações flagrantes" cometidas por Israel na sua ofensiva militar e apelou, numa mensagem dirigida à ONU por ocasião do Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano, a um "cessar-fogo permanente" em Gaza.
Israel e Marrocos restabeleceram relações diplomáticas em dezembro de 2020, num acordo tripartido envolvendo os Estados Unidos da América (EUA), que reconheceu em troca a soberania marroquina sobre o Saara Ocidental.