O ministro das Comunicações do Brasil, José Juscelino Filho, renunciou ao cargo na terça-feira, horas depois do Ministério Público o ter acusado perante o Supremo Tribunal Federal por suposto desvio de recursos públicos durante o seu mandato enquanto deputado federal.

O titular da pasta das Comunicações confirmou a sua demissão numa carta aberta publicada pelo seu partido, União Brasil, e justificou-a como "um gesto de respeito pelo governo e pelo povo brasileiro", enquanto se defende das acusações que lhe são feitas.

"Não o fiz por falta de compromisso, muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando", lê-se.

José Juscelino Filho frisou que agora vai-se dedicar à sua defesa.

"As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro", acrescentou.

Investigação envolve dinheiro de emendas

A Procuradoria-Geral da República (PGR) do Brasil indiciou na terça-feira o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, por corrupção e outros crimes relacionados com um suposto desvio de dinheiro público quando era deputado federal.

A denúncia encaminhada pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF) diz respeito a uma investigação da polícia brasileira que acusou o ministro, em junho do ano passado, de participar de uma alegada organização criminosa, branqueamento de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação.

O pedido de abertura de processo foi encaminhado pela PGR ao juiz relator do caso no STF Flávio Dino, e caberá agora ao mais alto tribunal do Brasil decidir se irá ou não aceitar as acusações e tornar o ministro das Comunicações réu.

A investigação envolve dinheiro de emendas - fundos ou recursos públicos que os deputados federais destinam para realizar obras e apoiar projetos nas suas bases eleitorais - que terá sido enviado à cidade de Vitorino Freire, no estado brasileiro do Maranhão.

Segundo a Polícia Federal, estes fundos foram transferidos para a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba a (Codevasf) para obras de pavimentação e acabaram desviados através de empresas fantasma.

Lula da Silva pediu afastamento

Juscelino Filho é filiado ao União Brasil, partido de centro-direita que faz parte da base do atual Governo brasileiro.

À época em que Filho foi arguido pela polícia, o Presidente Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que ele seria afastado do cargo de ministro caso fosse indiciado pela PGR.

Com Lusa