O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, considerou normal que um governante desta área de soberania "tenha assuntos a tratar" com um chefe militar "onde seja", depois de ter sido divulgado um encontro com o almirante Gouveia e Melo, que decorreu num bar em Lisboa.

À saída do congresso da Associação de Auditores de Cursos de Defesa Nacional 2024, que terminou esta quarta-feira na Academia Militar, na Amadora, Nuno Melo foi questionado pelos jornalistas sobre uma publicação do 'site' "Página Um" que dá conta de um encontro noturno informal entre o ministro e o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo, num bar na capital.

"É suposto que um ministro da Defesa tenha muitos assuntos a tratar com um chefe [militar]", respondeu Nuno Melo. Interrogado sobre o facto de o local escolhido para o encontro ter sido um bar, o ministro e líder do CDS-PP acrescentou: "Onde seja, onde seja".

De acordo com a publicação da "Página Um", que inclui várias fotografias, o encontro informal, que não foi divulgado à comunicação social, decorreu num bar em Lisboa, tendo o almirante aparecido "à civil".

Na terça-feira, à margem do primeiro dia do congresso que decorreu na Academia Militar, o almirante Henrique Gouveia e Melo foi interrogado sobre o facto de dezembro não ser apenas o mês no qual se assinala o Natal, mas também a data do final do seu mandato à frente da Armada, e se uma mudança à frente do ramo poderia ser prejudicial face ao atual contexto internacional. "Dezembro é realmente um mês de celebração natalícia e é o que eu vou fazer. Vou fazer as celebrações natalícias como sempre fiz na minha vida até agora", respondeu.

Já sobre se as sondagens o encorajam a avançar para uma eventual candidatura à Presidência da República, afirmou: "Eu já disse uma vez que não tomo decisões com base nem em sondagens nem noutro processo, tomo em termos do que é a minha consciência. Mal ou bem, será a minha consciência que ditará as decisões que devo tomar".

No passado dia 4 de setembro, em entrevista à RTP3, o almirante Henrique Gouveia e Melo deixou no ar a possibilidade de concorrer às próximas eleições presidenciais ao recusar-se expressamente a "dizer não" a essa possibilidade.

O almirante Henrique Gouveia e Melo, que coordenou a equipa responsável pelo plano de vacinação nacional contra a covid-19, tomou posse como chefe do Estado-Maior da Armada em 27 de dezembro de 2021, e está prestes a cumprir os três anos de mandato.

Nos termos da Constituição, compete ao Presidente da República nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armada (CEMGFA) e os chefes dos três ramos militares.

A Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas estabelece que o CEMGFA e os chefes de Estado-Maior dos ramos são nomeados "por um período de três anos, prorrogável por dois anos, sem prejuízo da faculdade de exoneração a todo o tempo e da exoneração por limite de idade".