Os dados constam numa das poucas páginas eletrónicas na internet que ainda contêm informações oficiais da USAID após uma decisão do Governo de Donald Trump de desmantelar a agência, sendo que 2023 é o ano fiscal mais recente para o qual há informações completas.
A USAID desembolsou um total de 72 mil milhões de dólares (69,35 mil milhões de euros) no ano fiscal de 2023, com a maior parte da ajuda --- mais de 16,6 mil milhões de dólares (16 mil milhões de euros) --- enviada à Ucrânia.
No universo da CPLP, Angola seguiu-se a Moçambique na lista de maiores recetores de auxílio da USAID no ano fiscal de 2023, com 71,320 milhões de dólares (68,7 milhões de euros), à qual se juntaram, por ordem decrescente, o Brasil com 68,985 milhões de dólares (66,45 milhões de euros) e Timor-Leste com 43,688 milhões de dólares (42,08 milhões de euros).
Seguiu-se Cabo Verde, com 2,961 milhões de dólares (2,85 milhões de euros) desembolsados pela agência norte-americana, Guiné-Bissau, com 2,910 milhões de dólares (2,80 milhões de euros), a Guiné Equatorial, com 658,7 mil dólares (634,48 mil euros), São Tomé e Príncipe, com 216,379 mil dólares (208,42 mil euros) e, por fim, Portugal, com 6.482 dólares (6.243 euros), segundo dados públicos sobre a assistência externa norte-americana.
A USAID é o maior doador individual do mundo, distribuindo assistência que vai desde a saúde das mulheres em zonas de conflito até ao acesso a água limpa, tratamentos para o HIV/SIDA ou segurança energética.
Nos primeiros dias do seu segundo mandato, o Presidente norte-americano, Donald Trump, suspendeu toda a ajuda internacional durante 90 dias, com exceção dos programas humanitários alimentares e da ajuda militar a Israel e ao Egito.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, será o novo diretor interino da USAID, que acusou de estar "completamente desprovida de capacidade de resposta", criticando a "insubordinação" naquele organismo.
A USAID -- cuja página eletrónica na Internet desapareceu no sábado sem explicação - tem sido uma das agências federais mais visadas pela nova administração.
Trump, assim como o responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), o empresário Elon Musk, e alguns congressistas republicanos têm criticado a USAID - que supervisiona programas humanitários, de desenvolvimento e de segurança em cerca de 120 países - em termos cada vez mais duros, acusando-a de promover causas progressistas.
Espera-se que a África subsaariana seja a região mais afetada por esta decisão.
Moçambique, por exemplo, teve atribuídos em 2023 dezenas de milhões de dólares para a programas relacionados com o HIV/SIDA e de emergência alimentar.
Especialistas avaliaram que os efeitos nos programas de HIV ainda não estão claros, mas as consequências podem ser rápidas e até perigosas.
A primeira-ministra moçambicana, Maria Benvinda Levi, admitiu na semana passada que o setor da saúde será o mais afetado por esta suspensão do financiamento a programas de ajuda por parte da administração norte-americana.
"É um grande desafio porque o apoio dos Estados Unidos é um apoio extremamente importante, particularmente nas áreas sociais. Então, nós teremos que ver, com os nossos recursos, como é que podemos redirecionar alguns recursos para essas áreas, para que elas não fiquem sem nenhuma estrutura de desenvolverem as suas atividades", disse a governante.
"O principal apoio [norte-americano] é para a área da saúde, mas há outros setores que têm apoios menos significativos", reconheceu.
MYMM (PVJ/RJP/JH)// RBF
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