
O chefe espiritual do Templo Shaolin, Shi Yongxin, foi oficialmente destituído das suas funções religiosas e viu o seu certificado de ordenação revogado, anunciou esta segunda-feira a Associação Budista da China, apoiada pelo Estado. O afastamento ocorre na sequência de uma investigação por crimes financeiros e má conduta sexual, avança a NBC News.
Shi Yongxin, de 59 anos, liderava o templo desde 1999. É acusado de desviar fundos de projetos e usar bens do templo para proveito próprio. Segundo um comunicado do templo divulgado no domingo, o monge terá mantido durante anos relações consideradas impróprias com várias mulheres e terá tido pelo menos um filho fora do casamento, violando assim o seu voto de celibato.
A associação budista considerou que as ações de Shi são “particularmente graves” e afirmou que os seus comportamentos “prejudicam seriamente a reputação da comunidade budista e mancham a imagem dos monges”.
A organização declarou o seu “apoio total” à investigação conduzida por várias entidades estatais.
Conhecido como o “monge líder”, Shi foi o responsável pela comercialização global do Templo Shaolin, localizado na província de Henan, no centro da China. O templo tem mais de 1500 anos de história e é considerado o berço do kung fu (arte marcial chinesa).
Durante o seu mandato, o templo expandiu-se internacionalmente, com centros culturais nos Estados Unidos, Austrália e Europa, e tornou-se um destino turístico muito conhecido.
De acordo com a base de dados empresarial chinesa Qichacha, quatro empresas ainda estão registadas em nome de Shi, apesar do seu afastamento.
Embora já tenha enfrentado acusações semelhantes no passado, incluindo alegações de extorsão e suborno em 2015 feitas por autoridades religiosas, Shi foi então absolvido após uma investigação de dois anos.
Em 2011, reagindo a rumores online sobre supostas amantes e filhos, disse que “não havia necessidade de se justificar” e que preferia “deixar as coisas seguir o seu curso”.
O caso atual tem sido satirizado nas redes sociais chinesas, com muitos internautas a sublinharem a ironia das acusações, tendo em conta que o budismo exige uma vida de simplicidade.
Texto escrito por Nadja Pereira e editado por Hélder Gomes