
O primeiro-ministro não exclui, para já, o envio de tropas portuguesas para a Ucrânia no âmbito do que venha a ser um acordo de paz ou de cessar-fogo. Mas essa é uma hipótese "extemporânea", afirmou Montenegro na conferência de imprensa conjunta com Lula da Silva no âmbito da cimeira luso-brasileira.
"Nunca defendemos a intervenção militar da Europa com tropas no terreno, mas devo dizer que nesta ocasião em que temos diante de nós a possibilidade de um processo de paz, não devemos começar pelo fim, pela forma como ele depois se pode operacionalizar, mesmo que isso implique qualquer movimentação de Forças Armadas", disse o primeiro-ministro português, admitindo assim essa movimentação, mas considerando que ainda não é o momento para que se coloque.
Já Lula da Silva admitiu a participação brasileira numa "missão de paz": "Para negociar a paz, o Brasil está disposto a fazer qualquer coisa."
A situação na Ucrânia e as conversas entre EUA e Rússia foram um dos temas da conferência de imprensa de encerramento da cimeira entre o Brasil e Portugal, com perguntas de vários jornalistas sobre o assunto e sobre as posições dos dois partidos, com Lula e Montenegro a adotarem registos diferentes.
Lula da Silva lembrou que o Brasil condenou a invasão da Ucrânia, mas que também recusou vender canhões para ajudar a defesa daquele país. "Não vou vender armas para matar um russo ou qualquer pessoa", disse o Presidente brasileiro, que defende uma negociação para a paz. "Se o Trump estiver jogando de verdade e quiser a paz ele pode conseguir. A China e a India podem ser parceiros importantes, o Brasil pode contribuir", afirmou Lula para quem a ausência da União Europeia das negociações "é ruim, é muito ruim porque a UE se envolveu nessa guerra com muita força".
Já o primeiro-ministro português reafirmou o apoio à Ucrânia. Montenegro, no momento da conferência de imprensa, ainda não tinha conseguido entrar na reunião convocada pelo Presidente Macron. "Ainda tentei num ligeiro interregno que tivemos entre o final da reunião com o Presidente Lula e a assinatura de protocolos, ainda tentei entrar online na reunião, mas não consegui", disse, adiantando que voltaria a tentar entrar à distância na reunião no fim da conferência de imprensa.