Uma norte-americana que beneficiou do transplante de um rim de porco no final do ano passado, no NYU Langone Hospital, em Nova Iorque, tornou-se a recetora de órgãos suínos com maior tempo de vida.
Towana Looney, de 53 anos, é a única pessoa no mundo com um órgão de porco funcional há mais de 60 dias.
Nenhum recetor viveu mais de dois meses
Apenas quatro outros norte-americanos receberam transplantes experimentais de órgãos de porcos geneticamente modificados - dois corações e dois rins - e nenhum viveu mais de dois meses.
"Se a vissem na rua, não saberiam que ela é a única pessoa no mundo com um órgão de porco a funcionar dentro de si", disse o médico Robert Montgomery, do NYU Langone Hospital, que liderou a equipa que transplantou Looney.
O clínico considerou a função renal de Looney "absolutamente normal".
Os médicos esperam que a mulher possa deixar Nova Iorque - onde está a viver temporariamente para realizar os exames pós-transplante - para regressar à sua casa em Gadsden, no Alabama, dentro de cerca de um mês.
Enquanto recupera, Towana Looney disse à agência Associated Press (AP) que "é uma nova visão da vida" e que é "uma supermulher".
A paciente, cujo único rim já não funcionava, tornou-se a terceira pessoa viva no mundo a beneficiar do transplante de um rim de porco, uma prática ainda muito experimental.
Esta norte-americana, que vive no Alabama, no sul dos Estados Unidos, aguardava por um transplante desde 2017 e não conseguiu encontrar um dador compatível.
O ‘pormenor’ que pode ter feito a diferença
Towana Looney beneficiou de um rim ligeiramente diferente.
Ao contrário dos órgãos recebidos pelas duas primeiras pessoas, que tiveram apenas uma modificação genética, o rim que foi transplantado para Looney tem dez.
Estas modificações do ADN do porco destinam-se a melhorar a compatibilidade biológica entre o animal e o ser humano e a evitar que o órgão seja imediatamente rejeitado pelo organismo do recetor.
Nas operações anteriores, os médicos transplantaram também o timo do porco, uma glândula que desempenha um papel importante na resposta imunitária. Não foi o caso de Looney.
Além disso, uma nova combinação de medicamentos foi testada neste último transplante.
Com Lusa