O Presidente norte-americano, Donald Trump, reuniu-se com legisladores republicanos do Congresso para exortá-los a apoiarem a sua lei orçamental, que enfrenta resistência no partido por aumentar o défice e restringir o acesso a cuidados de saúde.

"Não houve gritos, acho que foi uma reunião cheia de amor", disse Donald Trump aos jornalistas no final das discussões à porta fechada na terça-feira, na companhia do presidente republicano da Câmara dos Representantes, Mike Johnson.

"Vamos obter uma grande vitória", afirmou Johnson, a propósito da votação prevista para o final da semana, que se prevê renhida.

Johnson, pretende que o projeto de lei seja aprovado por ambas as câmaras do Congresso antes do Memorial Day, 26 de maio, e esteja pronto para a assinatura de Trump antes do Dia da Independência, 04 de julho.

O líder republicano da Câmara dos Representantes também manifestou o seu otimismo em relação ao texto, que antes de chegar ao hemiciclo tem de passar nas próximas horas um último teste na Comissão do Regimento da Câmara dos Representantes.

"Nada é fácil no Congresso, especialmente quando as margens são pequenas. Mas vamos lá chegar", afirmou Mike Johnson, referindo-se à maioria de apenas sete lugares dos republicanos na Câmara.

A lei não é consensual entre os republicanos, com os mais moderados a temerem que cortes significativos no programa de assistência médica aos mais desfavorecidos possa ter consequências eleitorais a meio do mandato, em novembro de 2026, e os mais conservadores a exigirem mais cortes.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está a pressionar os parlamentares a agirem rapidamente para aprovar esta "grande e bela lei", como a descreve, principalmente para concretizar a extensão dos créditos fiscais de seu primeiro mandato, que expiram no final do ano.

Batizado de "Uma Grande e Bela Proposta de Lei" - em homenagem a Trump, que desta forma o havia adjetivado - o documento foi aprovado na Comissão Orçamental, numa primeira etapa e após uma primeira rejeição a 16 de abril.

A rejeição resultou da junção de democratas e alguns republicanos da ala mais conservadora que insistem em cortes mais acentuados na despesa com o Medicaid, programa de assistência médica para 70 milhões de pessoas de baixos rendimentos, e nos incentivos fiscais a energias renováveis, introduzidos pelo ex-Presidente democrata Joe Biden.

Os senadores republicanos manifestaram a sua vontade de fazer mudanças importantes quando o projeto chegar à Câmara Alta.

Os democratas rotularam a proposta de "um grande e mau projeto de lei", ou, como lhe chamou a congressista Pramila Jayapal, "uma grande e bela traição".

Criticam, em particular, a prevista retirada da cobertura de saúde e a assistência alimentar a milhões de pessoas, enquanto os mais ricos obteriam enormes reduções de impostos, além de o projeto aumentar os défices orçamentais futuros.

"Isso é má economia. É inconcebível", disse o deputado Brendan Boyle, o principal legislador democrata na Comissão Orçamental.

Os gastos federais com o Medicaid deverão, de acordo com a atual versão da lei, ser cortados em mais de 700 mil milhões de dólares (625 mil milhões de euros) na próxima década, ameaçando privar mais de oito milhões de americanos de seguros de saúde, de acordo com uma análise de uma agência apartidária do Congresso.

A proposta procura incluir isenções de impostos sobre gorjetas, pagamento de horas extraordinárias, empréstimos para automóveis fabricados no país e benefícios da Segurança Social, além de aumentar as isenções fiscais para idosos e famílias com crianças.

O pacote legislativo inclui uma das principais promessas de campanha eleitoral de Trump, a extensão das isenções fiscais do seu primeiro mandato, que expiram no final do ano.

De acordo com uma comissão independente do Congresso, tal extensão, juntamente com outras medidas fiscais, aumentaria o défice federal em mais de 4,8 biliões de dólares (4,3 biliões de euros) na próxima década.

A proposta também prevê uma injeção de 350 mil milhões de dólares para a agenda de deportações de Trump e para reforçar o Pentágono.