
A forma mantém-se inalterada há séculos. O Conclave, como é denominado o processo de escolha do novo Papa, realiza-se com o máximo secretismo. Os cardeais com direito a voto reúnem-se na Capela Sistina, no Vaticano, e à porta fechada, sem contacto com o exterior, elegem o novo Santo Padre.
As chaves da capela são retiradas e o isolamento é verificado pelo cardeal Camerlengo que organiza e supervisiona o processo de eleição. Atualmente a função é desempenhada por Kevin Joseph Farrell. Trata-se da figura que assume a direção da Igreja quando um Sumo Pontífice morre ou abdica do cargo.
No dia em que começa o Conclave, os cardeais celebram uma missa de manhã e em seguida vão em procissão até à igreja. Longe de tudo e de todos, juram sigilo e arriscam a excomunhão se não cumprirem.
Apenas podem entrar nas instalações da igreja padres para as confissões, dois médicos e pessoal da manutenção e limpeza. Antes de começar a votação, toda a área é verificada para se ter a certeza que não existem telemóveis ou câmaras escondidos.
Um processo simples, mas (possivelmente) demorado
Com tudo pronto, os cardeais iniciam as votações para eleger a pessoa que vai ocupar o cargo mais importante da Igreja Católica. No primeiro dia, podem realizar apenas uma votação, mas nos dias seguintes são feitas quatro - duas de manhã e duas à tarde.
Não têm de votar obrigatoriamente nos seus pares, uma vez que qualquer homem maior de idade e batizado pela Igreja Católica pode ser elegível. O processo eleitoral pode prolongar-se por vários dias. Em séculos anteriores, assim como explica a BBC, chegava a durar meses, levando a que alguns cardeais morressem durante o Conclave.
Para facilitar o processo, em 1996, João Paulo II chegou a alterar as regras para que o Papa pudesse ser eleito por uma maioria simples. Decisão que foi revertida por Bento XVI que voltou a impor a regra dos dois terços (e mais um voto se o número de votantes não for divisível por três).
Fumo branco ou fumo preto?
Os cardeais devem escrever o nome de uma forma que não seja possível identificá-los e dobrar o papel duas vezes. De acordo com o jornal britânico, o boletim de voto é retangular. Na metade superior está escrito em latim "Eligio in Summum Pontificem" (em português: Eu elejo como Sumo Pontífice) e abaixo há um espaço destinado a escrever o nome da pessoa escolhida.
Se ao fim de três dias de votação os cardeais ainda não tiverem chegado a acordo, o processo eleitoral é suspenso por um dia para orações e discussões informais. No final da eleição, é elaborado um documento com os resultados. É lacrado e apenas pode ser aberto com ordem do Papa.
No fim da votação, os nomes são anunciados e os cardeais que receberam votos são chamados. Os escrutinadores furam cada papel com uma agulha, e colocam-nos num único fio. As células são queimadas, libertando um fumo que é visível do lado de fora. Se for preto, quer dizer que os cardeais não chegaram a nenhuma escolha, se for branco, quer dizer que há um novo Papa.
“Habemus Papam!”
Escolha feita, falta apenas responder à pergunta: aceita a eleição canónica como Sumo Pontifície? Com o consentimento dado, o Papa eleito escolhe o nome pelo qual quer ser chamado. Quando foi eleito em 2013, Jorge Mario Bergoglio escolheu Francisco.
De seguida, os cardeais prestam homenagem e obediência. O alfaiate prepara as vestes e, com tudo pronto, na varanda da Basílica de S. Pedro, é anunciado o novo Papa que dá a primeira bênção apostólica.
"Annuntio vobis gaudium magnum... habemus papam!" (Anuncio com grande alegria que temos um Papa)
Quatro cardeais portugueses podem votar
Atualmente, o colégio eleitoral conta com 252 cardeais, mas apenas 138 são elegíveis (no máximo podem ser 140) para votar no próximo conclave, uma vez que 114 têm mais de 80 anos. O Papa Francisco terá sido responsável por 78% dos cardeais escolhidos. Ainda no final do ano passado, nomeou mais 21.
Portugal conta, atualmente, com quatro cardeais elegíveis para escolher o próximo Papa. São eles Américo Aguiar, José Tolentino de Mendonça, Manuel Clemente e António Marto.
A eles, juntam-se mais dois que, sendo também cardeais, não podem votar. São eles José Saraiva Martins, de 93 anos, e Manuel Monteiro de Castro, de 86 anos. Chegaram a Cardeais ainda pela mão de outros Papas.