As tarifas impostas por Donald Trump estão a abrandar o crescimento da economia. Em Portugal, as previsões da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) apontam para uma variação de PIB de 1,9% em 2025 e 2026 e a possibilidade de regresso ao défice.

A organização afirma que "a restritividade do mercado de trabalho, os aumentos do salário mínimo e a descida dos níveis históricos de poupança farão aumentar o consumo privado".

"Uma execução mais célere do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) impulsionará o consumo e o investimento público", adianta.

De acordo com o relatório publicado esta terça-feira, Portugal deverá ter um excedente orçamental de 0,2% do PIB este ano, mas as contas públicas devem voltar ao vermelho já no próximo ano, fechando 2026 com um défice orçamental de cerca de 0,3% do PIB. É um cenário que já tinha sido apontado pelo Banco de Portugal e pelo Conselho de Finanças Públicas.

“Crescimento está a abrandar”

A instituição alerta que o “crescimento está a abrandar”, sinalizando que “reforçou-se para 2,8% no ano até ao quarto trimestre de 2024, antes de abrandar para 1,6% no primeiro trimestre de 2025”.

Para responder a esta previsão, a OCDE diz ser necessário “crescimento sustentado da produtividade, um aumento do emprego e uma despesa pública mais eficiente para fazer face ao rápido envelhecimento da população e às necessidades significativas de investimento, incluindo em capital humano, mantendo simultaneamente a dívida pública numa trajetória de declínio firme”.

“A continuação da implementação de novas normas contabilísticas, o desenvolvimento de orçamentos baseados no desempenho e a redução das despesas fiscais melhorariam a eficiência da despesa pública e ajudariam a orientar a sua estrutura para o investimento”, pode ler-se no relatório.

Referindo-se às exportações, a OCDE prevê que o crescimento das mesmas continue a desacelerar devido ao abrandamento da procura global, ao aumento das barreiras comerciais e à taxa aduaneira de 10% imposta pelos EUA às importações de produtos portugueses, nomeadamente aço e automóveis.

"As empresas exportadoras portuguesas são confrontadas com uma tarifa base de 10% imposta pelos Estados Unidos e com direitos aduaneiros específicos aplicáveis ao aço, ao alumínio e à indústria automóvel", afirma a organização, precisando que "embora as exportações diretas de bens e serviços para os Estados Unidos representem apenas 2,8% do PIB, Portugal enfrenta também uma menor procura externa por parte dos seus principais parceiros comerciais europeus".

OCDE prevê descida da inflação

Relativamente à taxa de inflação em Portugal, que foi de 2,7% em 2024, a OCDE prevê uma descida para 2,1% este ano e em 2026.

"Com a subida dos preços das importações e a manutenção da elevada procura de mão-de-obra, a inflação abrandará apenas ligeiramente para 2,1% em 2026", precisa.

A organização afirma que a política orçamental irá manter a orientação expansionista e que a execução do PRR e a redução dos impostos sobre as famílias e as empresas farão aumentar a procura interna, enquanto os excedentes orçamentais persistentes potenciarão uma descida da dívida pública para 89,8% do PIB em 2026 (definição de Maastricht).

Para o conjunto da zona euro, a OCDE prevê um crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.

- Com Lusa