O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos considerou “abjeto e cruel” o regresso encenado desta quinta-feira, 20 de fevereiro, dos corpos de quatro reféns israelitas do Hamas a Gaza.

"O desfile de corpos que vimos esta manhã é abjeto e cruel e vai contra a lei internacional. Pedimos que todos os regressos sejam realizados de forma confidencial, com respeito e cuidado", disse o Alto-comissário em declarações aos jornalistas.

"Segundo o direito internacional, qualquer devolução de restos mortais deve respeitar a proibição de tratamento cruel, desumano ou degradante", alem de que deve "garantir o respeito pela dignidade do falecido e das suas famílias", acrescentou esta agência das Nações Unidas.

Numa exibição encenada em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, combatentes encapuçados e armados do movimento islamita palestiniano Hamas exibiram quatro caixões num pódio, cada um com uma fotografia de um dos reféns, em frente de um cartaz que mostrava uma imagem do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, com o rosto coberto de sangue.

Ao início da manhã, em Khan Younis, os quatro caixões negros foram transferidos pelo Hamas para o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que os entregou ao exército israelita.

Os corpos entregues são, de acordo com o Hamas, os de Ariel e Kfir Bibas, com 4 anos e 8 meses e meio de idade, respetivamente, quando foram raptados durante o ataque sem precedentes do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, bem como os da sua mãe, Shiri, e Oded Lifshitz, com 83 anos nesse dia.

Os restos mortais foram devolvidos no âmbito do acordo de tréguas de Gaza, que entrou em vigor a 19 de janeiro, após 15 meses de uma guerra devastadora entre Israel e o Hamas.