De acordo com o balanço daquela Organização Não-Governamental, com dados até 15 de dezembro, há registo de 3.636 detidos, cinco pessoas desaparecidas e mais de 2.000 feridos nas manifestações de contestação aos resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro -- convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane -, que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional até 23 de dezembro.

Nos últimos dias, o caso mais mediático foi o do jovem baleado enquanto fazia imagens, em direto, de operações da polícia contra manifestantes na fronteira de Ressano Garcia, província de Maputo, que perdeu a vida no hospital, na noite de quinta-feira.

As imagens em direto do jovem que filmava operações da polícia contra manifestantes na fronteira de Ressano Garcia geraram a revolta popular nas horas seguintes, com os manifestantes a atearem fogo a infraestruturas.

No sábado, durante o funeral do jovem, foram registados novos confrontos com a polícia.

O jovem, produtor de conteúdos na internet, estava em direto na rede social Facebook quando foi alvejado, minutos após registar o momento em que as forças policiais dispararam para dispersar um grupo de manifestantes nas proximidades da principal fronteira entre Moçambique e África do Sul: Ressano Garcia.

"Estou a morrer", disse o jovem poucos minutos após ser alvejado no meio da estrada, enquanto a gravação continuava, entre gritos de populares que estavam no local e o som de mais disparos.

A Lusa tentou, sem sucesso, contactar a Polícia da República de Moçambique.

Os resultados das eleições de 09 de outubro anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) deram a vitória, com 70,67% dos votos, a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder, mas precisam ainda de ser validados pelo Conselho Constitucional, última instância de recurso em contenciosos eleitorais.

Num dos seus últimos diretos a partir da rede social Facebook, Mondlane prometeu estar em Maputo para tomar posse como Presidente de Moçambique no dia 15 janeiro, data prevista para a tomada de posse do novo chefe de Estado.

 

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