A presidência russa (Kremlin) negou esta segunda-feira que o Presidente Vladimir Putin tenha falado com o futuro homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, desde as eleições de há uma semana.

Citando fontes não identificadas, o jornal The Washington Post noticiou no domingo que Trump pediu a Putin, durante um telefonema na quinta-feira, que não provocasse uma escalada na Ucrânia e recordou a presença militar dos Estados Unidos na Europa.

"Isto não corresponde de todo à realidade, é uma pura invenção, é simplesmente uma informação falsa", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas.

"Por enquanto, não há planos concretos" para uma discussão desse tipo, acrescentou, citado pela agência francesa AFP.

A página do Kremlin na Internet regista que a última conversa telefónica entre os dois líderes se realizou em julho de 2020, antes de Trump deixar a presidência, segundo a agência espanhola EFE.

Na semana passada, Trump e Putin disseram que estavam prontos para conversar.

Um porta-voz da equipa de transição do futuro presidente disse à AFP, em comunicado, que não comentava "os telefonemas privados entre o presidente Trump e outros líderes".

Trump conversou com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na semana passada.

O Washington Post, que mantinha a notícia esta segunda-feira na sua página na Internet, afirmou que Trump e Putin discutiram a paz na Europa e que o futuro presidente disse que esperava ter conversas para "resolver a guerra na Ucrânia em breve".

O porta-voz do Kremlin disse que Putin repetiu na semana passada que estava "aberto a todas as negociações" com o Ocidente sobre a Ucrânia, mas "nenhum sinal foi enviado".

"Se eles [ocidentais dizem que os sinais vão chegar, temos de esperar por eles. De momento, não chegou nenhum sinal", acrescentou Peskov.

Durante a campanha eleitoral, Trump afirmou ser capaz de chegar a um acordo em 24 horas para acabar com a guerra na Ucrânia, o que o Kremlin considerou um exagero.

Putin felicitou Trump pela vitória nas eleições durante uma intervenção no Clube Valdai, na estância russa de Sochi, na quinta-feira.

O líder russo chamou corajoso a Trump por se ter comportado "como um homem" perante a tentativa de assassinato de que foi alvo num comício eleitoral em julho, e disse estar pronto para manter contactos com o futuro presidente.

"O que ele [Trump] disse publicamente até agora (...), o que foi dito sobre o seu desejo de restaurar as relações com a Rússia, de ajudar a pôr fim à crise ucraniana, merece, no mínimo, atenção", afirmou Putin.

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e condiciona um acordo de paz ao reconhecimento por Kiev das cinco regiões que declarou como anexadas à Federação Russa, entre outras condições.

Kiev exige a retirada das tropas russas de todo o território ucraniano, incluindo a Crimeia anexada pela Rússia em 2014, como pré-condição para eventuais conversações de paz com Moscovo.