O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, defendeu esta quarta-feira a imposição de lei marcial como um ato de governação, acusou a oposição de paralisar o governo e negou acusações de rebelião.

"Considerar as medidas de emergência para salvar o país como um ato de rebelião para o destruir põe seriamente em perigo a nossa Constituição e o nosso sistema jurídico", disse Yoon, num discurso à nação, transmitido pela televisão. "As medidas de lei marcial exercidas pela autoridade legal do Presidente para proteger o país e normalizar os assuntos do Estado num estado de paralisia nacional são um julgamento altamente político do Presidente", acrescentou.

Yoon defendeu que a lei marcial só está sob a supervisão da Assembleia Nacional e, por isso, aceitou de imediato a votação parlamentar que levou ao levantamento da medida.

O Presidente garantiu que "tentou proteger a democracia liberal e a ordem constitucional", contra a "ditadura parlamentar do gigantesco partido da oposição que exerce constantemente violência legislativa com a sua maioria parlamentar".

“Não havia outro caminho”

Yoon descreveu a imposição da lei marcial como uma "decisão constitucional e um ato de governação do Presidente, tomado depois de analisar que não havia outro caminho".

"Seja um julgamento político ou uma investigação [policial], irei enfrentá-lo com frontalidade", disse o chefe de Estado, sugerindo não ter qualquer intenção de se demitir.

A oposição da Coreia do Sul agendou para sábado a votação no parlamento de uma segunda moção de destituição contra o conservador Yoon, que no sábado passado escapou por pouco a uma primeira tentativa.

O Presidente afirmou que "lutará até ao fim para evitar que as forças e grupos criminosos que têm sido responsáveis por paralisar o Governo do país e perturbar a ordem constitucional da nação ameacem o futuro" da Coreia do Sul.

75% é a favor da destituição

De acordo com uma sondagem realizada pela empresa Realmeter e divulgada pela agência de notícias pública sul-coreana Yonhap, quase 75% da população é a favor da destituição ou demissão de Yoon.

O Partido Popular do Povo (PPP), no poder, boicotou e invalidou a votação por falta de quórum. Mais tarde, o partido disse que, em troca do bloqueio da moção, tinha obtido a promessa de que Yoon se ia retirar para deixar a governação ao PPP e ao primeiro-ministro.

A oposição acusou o PPP de um "segundo golpe" de Estado. Mas, minutos antes do discurso de Yoon, o líder do PPP, Han Dong-hoon, demonstrou apoio à segunda moção de destituição.

A liderança do país deve ser esclarecida e as funções de Yoon "suspendidas através do processo de destituição. O nosso partido deve apoiar a destituição como a sua política", disse Han aos jornalistas, em frente ao parlamento.

Uma unidade especial de investigação da polícia da Coreia do Sul disse na quarta-feira ter efetuado buscas na sede da polícia e no gabinete do Presidente.