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O Presidente de Israel, Isaac Herzog, assinalou esta quinta-feira um dia de sofrimento para o país com o regresso dos corpos de quatro reféns do Hamas mortos em Gaza, incluindo a família Bibas.
"Agonia. Sofrimento. Não há palavras", declarou Herzog na rede social X, antes da entrega dos quatro corpos realizada hoje pelo grupo islamita palestiniano Hamas à Cruz Vermelha, em Khan Yunis, na Faixa de Gaza.
"Os nossos corações - os corações de uma nação inteira - estão devastados. Em nome do Estado de Israel, inclino a cabeça e peço perdão. Perdão por não os proteger naquele dia terrível. Perdão por não os trazer para casa vivos", lamentou Herzog, sublinhando que a memória dos reféns levados pelos terroristas a 07 de outubro de 2023 deve ser lembrada.
O exército israelita disse que já recebeu os restos mortais dos quatro reféns. De acordo com os militares israelitas, são os restos mortais de Shiri Bibas e dos seus dois filhos menores - Kfir, de apenas 9 meses, e o seu irmão Ariel, de 4 anos -, bem como de Oded Lifshitz, um homem de 84 nos.
As autoridades israelitas vão contudo realizar testes de ADN para identificar os restos mortais, um processo que pode demorar até dois dias. Só assim as famílias receberão a notificação final sobre os resultados.
Hamas diz que reféns morreram em ataques israelitas
O Hamas entregou esta quinta-feira à Cruz Vermelha os restos mortais dos quatro reféns israelitas, em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, depois de exporem os caixões numa cerimónia transmitida em direto pelo canal de televisão Al-Jazeera.
Os militantes do grupo islamita palestiniano Hamas fizeram-se acompanhar de combatentes da Jihad Islâmica e das Brigadas Mujahideen. O Hamas afirmou que estes quatro reféns foram mortos juntamente com os seus guardas em ataques aéreos israelitas.
O pai das crianças, Yarden Bibas, que ficou separado da família após o sequestro, foi libertado este mês após 16 meses em cativeiro. Tal como a família Bibas, Oded Lifshitz foi raptado do 'kibutz' Nir Oz, juntamente com a sua mulher Yocheved, que foi libertada durante um cessar-fogo de uma semana em novembro de 2023. Oded era um jornalista que fazia campanha pelo reconhecimento dos direitos palestinianos e pela paz entre árabes e judeus.
Os terroristas do Hamas raptaram mais de 250 pessoas, incluindo cerca de 30 crianças, no ataque de 07 de outubro, no qual mataram também cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis.
Israel não transmitiu entrega dos caixões
Os canais israelitas não transmitiram a transferência dos restos mortais dos reféns. Na praça dos Reféns, em Telavive, onde os israelitas se reuniram para assistir à libertação de reféns vivos, um ecrã gigante mostrava uma compilação de fotos e vídeos de Lifshitz e da família Bibas.
Dezenas de moradores do kibutz Nir Oz, onde os quatro foram raptados, reuniram-se homenagear os quatro reféns mortos a partir da sua residência temporária, que fica a uma hora do kibutz.
Os israelitas celebraram o regresso de 24 reféns vivos nas últimas semanas, ao abrigo de um ténue cessar-fogo que interrompeu mais de 15 meses de guerra.
Mais de metade dos reféns e a maioria das mulheres e crianças foram libertados em acordos de cessar-fogo ou em outros compromissos entre as partes. As forças israelitas resgataram oito reféns e recuperaram dezenas de corpos de pessoas mortas no ataque inicial ou que morreram em cativeiro.
Seis reféns deverão sair em liberdade no sábado
O Hamas deverá libertar seis reféns vivos no sábado em troca de centenas de prisioneiros palestinianos, referindo que vai libertar mais quatro corpos na próxima semana, completando a primeira fase do cessar-fogo. Isto deixará os militantes islamitas com cerca de 60 reféns, todos homens, dos quais se acredita que cerca de metade esteja morta.
A primeira fase do cessar-fogo está prevista terminar no início de março e as negociações para a segunda fase ainda mal começaram.
Israel iniciou uma operação militar após o ataque do Hamas ao seu território em 07 de outubro de 2023. De acordo com as autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo Hamas, mais de 48 mil palestinianos morreram e milhares ficaram feridos nestes mais de 15 meses de guerra.
Com Lusa