
O Reino Unido e a França vão discutir um plano de paz com a Ucrânia, segundo confirmou este domingo o primeiro-ministro britânico, antes da cimeira que junta mais de dez outros líderes europeus, como António Costa e Ursula von der Leyen. Depois, os Estados Unidos da América vão ter de avaliar.
Foi numa entrevista à BBC este domingo de manhã que Keir Starmer deixou claro que há dois países europeus que lideram este tema, juntamente com a Ucrânia.
“Como resultado do encontro de ontem, tive conversas com Zelensky [com quem se reuniu], e com Macron e Trump ao telefone, e acordámos que o Reino Unido, a par da França e possivelmente um ou dois países mais, vão trabalhar com a Ucrânia num plano para parar com o combate, e depois discutir o plano com os Estados Unidos”, relatou o primeiro-ministro britânico à BBC.
Macron, Starmer e Zelensky estiveram esta semana em encontros com Donald Trump, embora o último tenha sido polémico depois do desaguisado na Casa Branca na sexta-feira - que levou a uma manifestação de solidariedade europeia.
Acordo a três partes
Segundo Starmer, é preciso ter algumas bases para o futuro da Ucrânia e a “paz duradoura” que esse plano pretende desenhar. Na verdade, o primeiro-ministro britânico falou já em “três componentes”.
“Se há um acordo, esse acordo tem de ser defendido”, diz. Por isso, para começar, é preciso uma Ucrânia forte, com capacidade para se defender de futuros ataques - porque não confia em Vladimir Putin, líder da Rússia. O Reino Unido já manifestou disponibilidade para ter tropas no território ucraniano.
Mas, além disso, “os países europeus têm de fazer mais” (o que será discutido “com o presidente [Emmanuel] Macron e outros”).
Só que isso não chega: é preciso uma "rede de segurança" dos Estados Unidos - sem ela, não há garantias suficientes.
É um plano a "três partes": Ucrânia forte, apoio europeu adicional, proteção americana.
O papel de Meloni
A entrevista de Starmer aconteceu antes de o primeiro-ministro britânico receber a primeira-ministra em Downing Street. Mas este sábado, Giorgia Meloni falou ao telefone com Donald Trump, de quem é próxima.
Segundo uma nota publicada no site do governo italiano, “a presidente do Conselho de Ministros, Giorgia Meloni, teve uma conversa telefónica hoje à tarde [dia 1] com o presidente dos Estados Unidos da América, tendo em vista o seu encontro em Londres com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky”.
Meloni tenta, assim, assegurar um papel central neste tema, até porque logo após o conflito institucional na Casa Branca com Zelensky, na sexta-feira, Giorgia Meloni sugeriu a realização de uma cimeira conjunta entre os líderes europeus, os aliados da Ucrânia e os Estados Unidos, para discutir a situação.
A cimeira dos líderes europeus
Mas é Londres o centro do debate neste domingo, porque é lá que se vão juntar líderes europeus. Nesta reunião, além da primeira-ministra italiana, estarão os representantes da Ucrânia, França, Alemanha, Dinamarca, Países Baixos, Noruega, Polónia, Espanha, Finlândia, Suécia, Chéquia e Roménia e, de fora da Europa, o Canadá.
Segundo a listagem de Downing Street, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco também estará presente, a par do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e dos presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa.
Portugal não estará representado, segundo confirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros à agência Lusa, sem ter adiantado os motivos.
De acordo com o site do governo britânico, as discussões nesta cimeira têm em conta o reforço da posição da Ucrânia “no momento”, incluindo “apoio militar e pressão económica adicional sobre a Rússia”, a necessidade de um acordo “duradouro” com “paz permanente na Ucrânia”, que assegure que se pode defender no futuro contra um ataque russo e os “próximos passos no planeamento para fortes garantias de segurança”.
A realização da cimeira prende-se com o facto de os Estados Unidos da América terem retirado a Europa das negociações para a paz quando manteve reuniões diretas com a Rússia, sem o envolvimento da Ucrânia, o país que foi invadido há já mais de três anos.
Reino Unido (e o rei) com Zelensky
Zelensky está no Reino Unido e, depois de encontros com Keir Starmer no sábado, e além da cimeira deste domingo, também deverá encontrar-se com o Rei Carlos III, segundo a sua própria agenda.
A BBC sublinha que o encontro foi pedido pelo presidente ucraniano.
O The Independent, que adianta que o encontro será na casa de Sandringham, escreve que esta é a posição política “rara” e a mais forte tomada por Carlos desde que em 2022 sucedeu à sua mãe, a Rainha Isabel II.