
O presidente da Câmara de Loures, o socialista Ricardo Leão, publicou um vídeo para "esclarecer" a decisão de demolir dezenas de habitações ilegais, uma medida que gerou críticas, mesmo no seio do PS. Leão recusou-se a recuar, apesar do inquérito aberto pelo Ministério Público esta quarta-feira, e criticou os seus opositores: "Promover a desordem não é ser solidário, é ser cúmplice de um ciclo de exclusão e de injustiça".
Ao defender a decisão, conta o Observador, Leão criticou quem se aproveita da pobreza para "ganhar protagonismo ou alimentar causas populistas". Segundo o autarca, "justiça social não é dar a quem grita mais" e as construções ilegais "colocam em causa a segurança, a salubridade e a dignidade das pessoas". Leão sublinhou a sua responsabilidade em agir para evitar tragédias: "Em nome da segurança e da dignidade humanas, não aceito que ninguém viva nessas condições".
O autarca alertou que o problema das construções ilegais não é exclusivo de Loures, mas sim uma "realidade que se repete em muitos concelhos da área metropolitana", exigindo "uma responsabilidade partilhada com o próprio Governo". A autarquia, afirmou, já demoliu cerca de 250 construções idênticas desde 2021, sendo "intransigente" neste assunto, com vista a "defender a segurança das pessoas" e "garantir condições mínimas de dignidade humana".
A ideia de "justiça para todos" é central na argumentação de Leão, que critica a noção de que construir uma barraca confere "de imediato" o direito a uma casa, considerando-a injusta para aqueles que "aguardam com dignidade e confiança". O autarca declarou que "Loures está ao lado de quem precisa, mas não abdicamos da justiça com critério", rejeitando "atalhos" e defendendo uma "integração real sem passar à frente de ninguém". Afirmou estar ao lado do "país real", garantindo que a decisão não será revista.
Relativamente às 55 famílias afetadas (das quais 10 têm demolições suspensas por providência cautelar), o autarca assegurou que todas foram "informadas e abordadas pessoalmente". Leão lamentou, contudo, que apenas 29 famílias tenham recorrido ao apoio social e que a maioria das 11 famílias com crianças tenha recusado as propostas de acolhimento da Linha 144.
Apesar disso, o autarca insistiu que "das que nos procuraram, ninguém ficou sem resposta" e que "nenhuma pessoa ficou sem apoio", tendo sido encontradas soluções como o pagamento de rendas ou a atribuição de vales alimentares.