
"A principal ameaça a longo prazo contra a NATO é a Rússia. Não há dúvida", afirmou, após um discurso no centro de estudos britânico Chatham House.
Segundo Rutte, a Rússia aliou-se à China, à Coreia do Norte e ao Irão e está a acelerar o reforço das capacidades militares e dimensão das forças armadas.
"A Rússia está a reconstituir as suas forças com tecnologia chinesa e a produzir mais armas mais rapidamente do que pensávamos. Em termos de munições, a Rússia produz em três meses o que toda a NATO produz num ano", admitiu.
Também a China está a "modernizar e a expandir as suas forças armadas a uma velocidade vertiginosa" e já é líder em termos navais, acrescentou.
"A história ensinou-nos que, para preservar a paz, temos de nos preparar para a guerra. O pensamento positivo não nos vai manter seguros. Não podemos fazer desaparecer o perigo. A esperança não é uma estratégia. Por isso, a NATO tem de se tornar uma Aliança mais forte, mais justa e mais letal. Uma NATO mais forte significa gastar muito mais na nossa defesa", vincou.
O secretário-geral da NATO exortou os países membros da NATO a aumentar o financiamento em defesa em 400% na capacidade de defesa aérea e antimíssil da Aliança.
Rutte também avisou que os exércitos da NATO "precisam de milhares de veículos blindados e tanques adicionais, e mais milhões de projéteis de artilharia" e melhores meios de logística, o abastecimento e o apoio médico.
O antigo primeiro-ministro quer que os Estados-membros aumentem para 5% do Produto Interno Bruto (PIB) a despesa em defesa, sendo 3,5% aplicado em despesas militares e mais 1,5% para as "despesas relacionadas com a defesa", como infraestruturas e indústria.
A questão deverá ser discutida e acordada em Haia, nos dias 24 e 25 de junho, na qual Rutte espera que a questão da adesão da Ucrânia não faça parte do comunicado final.
"O caminho irreversível da Ucrânia para a NATO está lá, e presumo que ainda esteja lá depois da cimeira, quer conste do comunicado ou não. Penso que isso não é relevante, porque toda a linguagem que acordámos anteriormente está lá até decidirmos que já não está", vincou, numa resposta após o discurso em Chatham House.
Durante a visita a Londres, Mark Rutte reuniu-se com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e visitou a Sheffield Forgemasters, empresa de siderurgia pública especializada na produção de grandes peças em aço para o setor militar, com o ministro da Defesa, John Healey.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem estado a fazer pressão sobre os aliados europeus e o Canadá para gastarem mais, queixando-se de que contribuem pouco para a NATO.
O Governo britânico comprometeu-se a gastar 2,5% do PIB em defesa a partir de abril de 2027, com o objetivo de aumentar este valor para 3% até 2034.
Tal como outros membros da NATO, o Reino Unido tem vindo a aumentar as suas despesas de defesa desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.
No entanto, o ritmo acelerou depois de a atual administração norte-americana Trump ameaçar parar o apoio à Ucrânia e deixar de garantir a segurança à Europa.
Atualmente, 22 dos 32 países membros cumprem ou excedem o atual objetivo de 2% da NATO.
Portugal, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, também já se comprometeu com os 5% de investimento em defesa, embora o país ainda não alcance o gasto de 2%, algo que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, já estabeleceu como meta para este ano.
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Lusa/fim