O candidato presidencial Marques Mendes defendeu hoje, em Braga, que a Assembleia da República tem de ter instrumentos, designadamente "uma espécie de senadores", para aplicar sanções a deputados. Falando durante um encontro nacional da imprensa local e regional, Marques Mendes sublinhou que aquela é uma medida necessária para reforçar a ética na vida política.

"A Assembleia da República tem de ter instrumentos para aplicar sanções a deputados, quando isso se justifique", referiu. Sublinhou que as sanções não podem ser aplicadas por outros deputados, porque isso seria ser juiz em causa própria, pelo que sugeriu a criação de uma "espécie de senadores”. "Se for Presidente da República, não vou ficar calado", acrescentou.

Como exemplo, questionou se será correto que um deputado que "rouba malas" possa continuar tranquilamente sentado na Assembleia da República, sem que nada lhe aconteça. Paralelamente, Marques Mendes defendeu que os partidos, da mesma forma que têm comissões disciplinares e financeiras, devem também ter "comissões de ética, com senadores à frente”. Advogou ainda que é preciso mudar o método de escolha dos deputados.

"Atualmente, votamos em partidos sem fazermos ideia dos deputados que estão no caldeirão", criticou. Durante a sua intervenção, Marques Mendes mostrou indignação pela crise política que levou a eleições legislativas antecipadas e vaticinou que se seguirão "outras crises semelhantes”. Por isso, disse que um Presidente da República tem de saber como é que as crises podem ser evitadas. Se for só para dissolver a Assembleia da República e marcar eleições, afirmou, "qualquer um dá".

Em relação à imprensa, Marques Mendes considerou correto o apoio do Estado, considerando que, se isso não acontecer, "vai haver uma crise nos próximos tempos" e isso seria "um perigo para a democracia”. "Se eu for Presidente da República, isso [imprensa] será uma causa essencial, porque aqui joga-se a democracia", vincou.

Lembrou, no entanto, que todos os governos sofrem com a "ditadura" do Ministério das Finanças, pelo que defendeu que o governante com a tutela da comunicação social terá de saber "bater o pé" e ter força política para fazer vingar os seus propósitos.