Sete pessoas morreram devido a um surto de cólera na Costa do Marfim desde o final de maio, não tendo sido registados casos nos últimos quatro dias, anunciou ontem o Instituto Nacional de Higiene Pública (INHP).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país registou várias epidemias de cólera de grande dimensão desde a década de 1990, mas não era afetado há vários anos.

"Um surto de cólera (...) está a afetar a localidade de Vridi Akobrakre, situada no município de Port-Bouët, em Abidjan", a capital da Costa do Marfim, anunciou o diretor do INHP, Daniel Ekra, durante uma conferência de imprensa.

Na sequência das análises de amostras de fezes feitas pelo Instituto Pasteur da Costa do Marfim, foi confirmada uma epidemia de cólera, explicou Ekra.

Até à data de hoje, foram registados 45 casos, dos quais sete mortes nessa localidade, acrescentou, especificando que "os óbitos ocorreram na comunidade durante os dois primeiros dias" da epidemia, a 25 e 26 de maio.

Ekra garantiu que a situação "apresenta uma evolução favorável, pois não se registaram novos casos nos últimos quatro dias consecutivos".

O professor especificou que "a maioria das pessoas afetadas pela cólera são adultos", tal como as vítimas mortais.

A cólera é uma infeção provocada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com uma bactéria.

A região de Vridi Akobrakre está praticamente rodeada de água, e ali vive uma população extremamente pobre.

"Não existem latrinas", explicou Daniel Ekra, frisando que "a maioria das pessoas defeca ao ar livre".

"Também não há abastecimento de água potável", acrescentou, referindo que a água consumida pelos habitantes é, por vezes, contaminada por dejetos fecais.

Vários milhares de pessoas vivem em Vridi Akobrakre. A população aumentou nos últimos meses devido a operações de expulsão e demolição de bairros precários no município de Port-Bouët.

De acordo com Ekra, o Governo adotou várias medidas para conter o surto, nomeadamente a "prestação de cuidados gratuitos aos doentes", "a mobilização de equipas de intervenção rápida para vigilância, desinfeção e sensibilização comunitária" e o "fornecimento de água potável".

Vários países africanos têm denunciado epidemias de cólera este ano.

Assim, a União Africana anunciou hoje que 20 Estados-membros, nomeadamente os lusófonos Angola e Moçambique, comprometeram-se a eliminar a cólera até 2030, após uma reunião 'online' organizada pela entidade pan-africana.