
A ameaça de Trump, segundo analisa a agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP), levanta novas preocupações de que o alegado esforço para reequilibrar a economia global poderá levar a uma guerra comercial.
As palavras do Presidente norte-americano, divulgadas nas redes sociais, surgiram após a China ter indicado que irá retaliar contra as tarifas dos Estados Unidos anunciadas na semana passada.
"Se a China não retirar o seu aumento de 34% em cima dos seus abusos comerciais já de longa data até amanhã [terça-feira], 08 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas ADICIONAIS à China de 50%, a partir de 09 de abril", escreveu o governante na sua rede social Truth Social, recorrendo a letras maiúsculas para acentuar o conteúdo da mensagem.
"Além disso, todas as negociações com a China sobre as reuniões solicitadas connosco serão encerradas!", acrescentou.
Trump voltou hoje a defender a sua decisão de impor tarifas, enquanto os mercados globais continuam a cair e os receios de uma recessão aumentam.
"Os Estados Unidos têm a oportunidade de fazer algo que deveria ter sido feito há décadas", escreveu hoje o governante norte-americano, também na rede social Truth Social.
"Não sejam fracos! Não sejam estúpidos! (...) Sejam fortes, corajosos e pacientes, e a grandeza será o resultado", referiu ainda.
O Presidente republicano tem insistido que as tarifas são necessárias para reequilibrar o comércio global e reconstruir a produção nacional.
Na mensagem, acusou outros países de "se aproveitarem dos bons e velhos Estados Unidos" no comércio internacional e responsabilizou os "'líderes' do passado por permitirem isso".
Trump apontou a China como "o maior abusador de todos".
O Dow Jones Industrial Average caiu 1.200 pontos no início das negociações na manhã de hoje e o S&P 500 estava a caminho de entrar num mercado em baixa, o que significa cair 20% em relação a um máximo recente.
Até mesmo alguns dos aliados de Trump estão a dar o alarme sobre os danos económicos, e as previsões financeiras sugerem mais sofrimento no horizonte para as empresas, consumidores e investidores dos Estados Unidos.
Trump também apelou à Reserva Federal para baixar as taxas de juro.
Dois dias depois do anúncio de Trump sobre as novas tarifas, o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, alertou na sexta-feira para o facto de as tarifas poderem aumentar a inflação e disse que "há muita espera e muita observação", antes de serem tomadas quaisquer decisões.
Os investidores esperam que o banco central dos Estados Unidos reduza as taxas de juro de referência pelo menos quatro vezes até ao final deste ano, de acordo com o FedWatch do CME Group, um sinal de que as preocupações com a inflação serão eclipsadas pelos receios de despedimentos e de uma economia em contração.
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