O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu ao Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, que vai “trabalhar para acabar com a guerra” na Faixa de Gaza. “O Presidente Trump disse que vai trabalhar para pôr fim à guerra e que está disposto a trabalhar com o Presidente Abbas e as partes interessadas na região e no mundo para alcançar a paz na região”, indicou a agência noticiosa palestiniana WAFA. Na conversa telefónica, o Presidente palestiniano expressou disponibilidade para trabalhar com Trump “para alcançar uma paz justa e abrangente assente na legitimidade internacional”.
A Organização das Nações Unidas (ONU) acusou Israel de ter usado fósforo branco, uma substância química incendiária capaz de causar “ferimentos horríveis e dolorosos”, em pelo menos 24 ocasiões na guerra em curso em Gaza. Num relatório divulgado em Genebra, na Suíça, o Gabinete dos Direitos Humanos das Nações Unidas também voltou a considerar as forças israelitas como possíveis autores de crimes de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
O gabinete indicou que cerca de 70% das vítimas mortais que verificou no conflito eram mulheres e crianças, e condenou o que classifica como “violação sistemática dos princípios fundamentais do direito internacional humanitário”. O balanço da ONU desde o início da guerra inclui apenas as vítimas mortais que conseguiu verificar junto de três fontes, e a contagem continua: as 8119 vítimas verificadas são um número muito inferior ao balanço de mais de 43 mil fornecido pelas autoridades sanitárias palestinianas. Mas a repartição da ONU por idade e sexo das vítimas confirma a afirmação palestiniana de que as mulheres e as crianças representam uma grande parte dos mortos na guerra.
Mais notícias do dia:
⇒ Israel Katz, até agora ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, foi empossado como novo ministro da Defesa, substituindo Yoav Gallant, que foi demitido no início da semana por divergências no seio do Governo. Katz diz estar ansioso por trabalhar com o exército, do qual se autoproclamou um “fervoroso defensor”. “Estou confiante de que alcançaremos a vitória nesta campanha, cujos objetivos são travar a agressão iraniana, continuar com o desmantelamento do Hamas como força governativa e militar e derrotar o Hezbollah”, afirmou.
⇒ O novo ministro da Defesa israelita agradeceu por telefone ao homólogo norte-americano, Lloyd Austin, o “forte apoio” prestado por Washington “desde o início da guerra” no Médio Oriente. “Agradeci-lhe o apoio inabalável dos Estados Unidos a Israel desde o início da guerra, o empenho nos nossos esforços conjuntos para trazer todos os reféns para casa e a manutenção dos nossos laços estratégicos contra as ameaças do Irão e dos seus aliados”, disse Katz.
⇒ O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, denunciou que a relatora especial da organização para os Territórios Palestinianos Ocupados foi alvo de ameaças, bem como a sua família e colegas. Francesca Albanese é uma das vozes mais fortes entre os peritos da ONU contra a campanha de Israel no enclave palestiniano, e aliados do Governo israelita, como os Estados Unidos, acusaram-na de antissemitismo, como a embaixadora do país nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield.
⇒ O exército israelita anunciou que está a preparar a abertura da passagem de Kissufim, no centro de Gaza, para aumentar a entrada de ajuda humanitária, após Washington exigir que Israel aumentasse o acesso à assistência aos palestinianos. “As forças [de engenharia do exército] construíram instalações de inspeção e infraestruturas de proteção, assim como estradas pavimentadas tanto em território israelita como na Faixa de Gaza”, indicou.
⇒ O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, vai continuar a trabalhar para terminar com as guerras em Gaza e no Líbano, até à tomada de posse da nova administração liderada por Donald Trump, garantiu o porta-voz. “Continuaremos a trabalhar para o fim da guerra em Gaza, o fim da guerra no Líbano, o aumento da ajuda humanitária [a Gaza], e é nosso dever continuar estas políticas até 20 de janeiro ao meio-dia, quando o presidente eleito toma posse”, sublinhou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em declarações aos jornalistas.
⇒ A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) acusou o exército israelita de ter danificado uma das suas posições no sul do país, numa ação descrita como “deliberada e direta”. O incidente, que ocorreu na quinta-feira, surge depois de “sete outros semelhantes” perpetrados pelo exército israelita, afirmou a FINUL em comunicado. “Não se trata de forças de manutenção da paz apanhadas no fogo cruzado, mas de ações deliberadas e diretas do exército israelita”, acrescentou.
⇒ O movimento xiita libanês Hezbollah reivindicou a autoria de dois ataques com foguetes contra o que identificou como posições militares israelitas na região de Haifa, no norte de Israel. O grupo afirmou que os alvos dos ataques foram “a base naval Stella Maris” e “a base e o aeroporto de Ramat David” e reiterou que aconteceram “em apoio ao povo palestiniano em Gaza e à sua nobre resistência e em resposta à agressão e aos massacres cometidos pelo inimigo israelita".
⇒ O Hezbollah também reivindicou ter lançado uma “salva de mísseis” contra a base aérea israelita de Tel Nof, a sul de Telavive. Por seu lado, as Forças de Defesa de Israel informaram que durante a tarde aproximadamente 60 projéteis “disparados pela organização terrorista Hezbollah penetraram do Líbano em Israel”, sem adiantar informações sobre danos ou vítimas.
⇒ A agência noticiosa nacional libanesa (Ani) denunciou uma alegada ação do exército israelita, que terá feito explodir casas em três aldeias do sul do Líbano. Israel conduz uma ofensiva terrestre contra o Hezbollah desde 30 de setembro. “Desde esta manhã, o exército inimigo israelita tem detonado explosivos no interior das aldeias de Yaroun, Aïtaroun e Maroun al-Ras, na região de Bint Jbeil, com o objetivo de destruir as casas residenciais aí existentes”, noticiou.
⇒ Os rebeldes hutis do Iémen reclamaram o abate do que descreveram como um drone norte-americano, na continuação dos ataques do grupo apoiado pelo Irão no Mar Vermelho. Os militares norte-americanos reconheceram os vídeos que circulam online, mostrando o que parece ser uma aeronave em chamas em queda e um conjunto de destroços a arder no solo possivelmente na província de al-Jawf, no Iémen, acrescentando que estão a investigar o incidente, sem mais detalhes.
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