Estados Unidos e China sinalizaram na quinta-feira uma reversão do bloqueio de vistos para estudantes chineses nos EUA e a retoma das exportações chinesas de minerais de terras raras, após um telefonema entre os líderes dos dois países.

De acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, o Presidente norte-americano, Donald Trump, assegurou o homólogo chinês, Xi Jinping, que os EUA "adoram receber estudantes chineses", sinalizando o fim do bloqueio imposto nas últimas semanas, medida que Pequim considerou "discriminatória" e uma "violação" do acordo comercial provisório negociado em Genebra, no mês passado.

Trump disse que Xi lhe garantiu que as importações de minerais de terras raras provenientes da China seriam retomadas em breve, apesar de o comunicado das autoridades chinesas não mencionar esse ponto.

"Os chineses cumprem sempre as suas promessas e transformam as ações em resultados. Uma vez alcançado um consenso, ambas as partes devem respeitá-lo. Os EUA devem encarar, com realismo, os progressos alcançados e revogar as medidas negativas tomadas contra a China", declarou Xi a Trump, segundo a nota emitida pela diplomacia chinesa.

China acusou EUA de violar acordo

Esta semana, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, acusou Washington de violar o acordo, durante um encontro com o embaixador norte-americano em Pequim.

Wang criticou o bloqueio de vistos para estudantes chineses e as restrições à venda de semicondutores e do software utilizado no desenvolvimento desses componentes, como obstáculos significativos à capacidade de produção de alta tecnologia.

Nenhuma das partes fez referência a este segundo ponto, que Pequim considera um ataque direto às suas ambições tecnológicas. Os semicondutores são componentes essenciais para a produção de sistemas de inteligência artificial e outras tecnologias emergentes.

O acordo alcançado em Genebra permitiu a suspensão temporária das tarifas de 125% impostas por Pequim às importações oriundas dos EUA e de 145% aplicadas pelos EUA sobre bens chineses.

Ambos os líderes concordaram com a realização de uma reunião entre os dois países para prosseguir as negociações.

Segundo Trump, a delegação dos EUA será composta pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, e Jamieson Greer, representante comercial dos Estados Unidos, estando ainda por definir a data e o local do encontro.

Trump referiu ainda que Xi o convidou, bem como à primeira-dama Melania Trump, para visitar a China - convite que o líder norte-americano retribuiu.

Queda recorde de importações

A conversa entre os dois líderes teve lugar após dados oficiais indicarem uma diminuição acentuada do défice comercial dos EUA em abril, para o nível mais baixo desde 2023, devido à queda nas importações e ao aumento das exportações.

As importações registaram uma queda recorde de 16,3%, impulsionada por uma redução significativa nas compras à China, enquanto as exportações subiram 3%, contribuindo para a diminuição do défice.

As importações provenientes da China caíram para 25,4 mil milhões de dólares (21,5 mil milhões de euros), o valor mais baixo desde março de 2020, quando a pandemia afetou o comércio global. Já as exportações dos EUA para a China também recuaram, atingindo 8,2 mil milhões de dólares (7,1 mil milhões de euros) --- o valor mais baixo em mais de quatro anos.