O governador do Banco de Portugal (BdP) e antigo ministro das Finanças recusa dizer, para já, se avança ou não com uma candidatura à liderança do Partido Socialista (PS).

“Eu não costumo ser, nem deselegante, nem deixar de responder a perguntas, mas você vai-me obviamente perdoar que eu passe ao próximo”, afirmou Mário Centeno na fase das perguntas e após a apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira.

Centeno defendeu, porém, que “a estabilidade política é um ativo precioso, nos tempos que correm”, afirmando que mudanças políticas frequentes e imprevisíveis podem prejudicar a confiança dos cidadãos, especialmente face à conjuntura política atual.

Deve haver "um quadro muito claro de previsibilidade e estabilidade" em Portugal, defendeu, criticando enquadramentos políticos "em que se tomam decisões num dia e depois voltam para trás" no outro.

Ainda assim, alertou para o observado "no outro lado do Atlântico". Neste cenário, o governador apontou que apesar de o BdP e ele próprio usarem "a palavra incerteza poucas vezes", neste momento "é difícil não a utilizar".

"A palavra incerteza é uma palavra que os decisores de política económica devem usar com muita parcimónia, porque quando dizemos que enfrentamos um mundo incerto, temos que saber como é que isto ressoa, como é que isto se traduz naqueles que na verdade são o objeto último das nossas decisões", acrescentou.

O candidato e os prováveis

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, apresentou a demissão no domingo, após o partido alcançar aquele que foi o seu terceiro pior resultado eleitoral de sempre um desfecho que poderá ser ainda pior e colocar os socialistas como terceira força política.

A Comissão Nacional do PS já foi convocada para reunir-se no próximo sábado, em Lisboa, com o objetivo de aprovar o calendário para as eleições internas. Até que o novo líder seja eleito, Carlos César assumirá a liderança do partido de forma interina. Essa é para já a única certeza.

Tudo indica que o presidente do PS proponha a realização de eleições internas para o final de junho ou para o primeiro fim de semana de julho. Com este calendário, o Congresso do PS seria adiado para depois das eleições autárquicas, previstas para setembro ou outubro.

Esta possibilidade tem sido, contudo, alvo de críticas por parte de figuras de peso do partido, que consideram a decisão precipitada.

Quanto a candidatos, até agora, José Luís Carneiro foi o único a anunciar a intenção de disputar a liderança. Recorde-se que o antigo ministro foi derrotado por Pedro Nuno Santos nas eleições internas de 2023.

Alexandra Leitão já declarou publicamente que não será candidata à liderança do PS nesta nova corrida. Mas há mais nomes a circular, como o de Fernando Medina e Mariana Vieira da Silva, que em entrevista à SIC Notícias não afastou essa possibilidade.