
A Venezuela advertiu a Guiana, na terça-feira, que quando entra em disputa "não é por três dias", numa alusão à contenda territorial com o vizinho país pela Guiana Essequibo.
"A Guiana tem de saber que quando este país entra numa disputa com alguém não é por três dias, que perguntem aos espanhóis o que aconteceu no final dessa batalha e dessa guerra, quem saiu triunfante e quem teve de sair daqui [da Venezuela]? Essa tem sido a história deste povo", disse o ministro do Interior e Justiça da Venezuela.
Diosdado Cabello falava durante a cerimónia de graduação do Primeiro Curso de Operadores Especiais Revolucionários, da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar).
O ministro explicou que os novos graduados têm a missão de defender a pátria e a paz, e advertiu que "não são poucas as ameaças que pairam sobre a Venezuela cada dia".
"E de maneiras diferentes. Qualquer um pode pensar: não, a Venezuela não está em guerra, porque não lançaram bombas sobre o país. Eles lançaram bombas sobre nós que são mais poderosas do que algumas bombas explosivas. O que tentaram fazer com o nosso povo, desmembrar a nossa pátria. O imperialismo norte-americano não descansa", disse.
A Guiana e a Venezuela mantêm uma disputa sobre o território de Essequibo - cerca de 160 mil quilómetros quadrados ricos em petróleo e recursos naturais - administrado por Georgetown e reivindicado por Caracas.
A tensão agravou-se desde que a Venezuela anunciou que irá eleger um governador para Essequibo nas eleições regionais agendadas para 25 de maio, bem como deputados para o território, que Caracas considera a sua 24.ª região.
Em 28 de março, a Venezuela ameaçou a Guiana de "não fazer ideia da resposta" que Caracas dará se tentar "alguma coisa" no território disputado, garantindo que não descansará até à "vitória final".
"Somos um país de paz, (...) no dia em que acontecer alguma coisa, no dia em que tentarem alguma coisa contra nós, será até à vitória, eles não fazem ideia de qual será a resposta, e nós, venezuelanos, não descansaremos até à vitória final", declarou Diosdado Cabello.
Num programa transmitido no YouTube, o ministro reiterou que, para o país, é "muito claro" que "tudo o que está a oeste do rio Essequibo pertence à Venezuela, e os direitos marítimos que decorrem dessa posse territorial também", razão pela qual assegurou que o país irá "proteger essas terras e esse mar territorial".
"Nós não andamos em guerra com ninguém, mas dizemos aos senhores da Guiana que procurem outros povos com quem guerrear, porque as guerras com a Venezuela são até à vitória", acrescentou o número dois do chavismo.
As declarações de Cabello foram feitas depois de o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, avisar a Venezuela de que, se atacasse a Guiana ou a petrolífera ExxonMobil, esse "seria um dia muito mau" e que "não acabaria bem" para o Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
"Temos uma grande Marinha, que pode chegar a quase qualquer lugar, em qualquer ponto do mundo. E temos compromissos em vigor com a Guiana", disse o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, acrescentando que não entraria em pormenores sobre o que Washington faria no caso de um ataque militar venezuelano à Guiana.
Numa conferência de imprensa em Georgetown, com o Presidente da Guiana, Irfaan Ali, o secretário de Estado norte-americano sublinhou que, se Caracas tomar tal atitude, será "uma decisão muito má".