A SAD do Estrela da Amadora reagiu, em comunicado, à notícia de um processo movido pela empresa MYFC, no qual reclama aos tricolores 22 milhões de euros por incumprimento na venda de ações. Através da um documento assinado pela sociedade Melo Alves Advogados, a SAD do Estrela revela uma versão completamente diferente de todo o processo e garante que o emblema da Amadora é que exige mais de 9 milhões de euros pelos danos causados com este caso.

O documento desmente o envolvimento de Diogo Jota, jogador do Liverpool, e de Patrice Evra, antigo internacional francês, no negócio e até nega que a empresa MYFC seja um fundo de investimento.

Leia o comunicado na integra:

"1. Em setembro de 2022, foi celebrado entre os acionistas do Estrela da Amadora e uma entidade designada MYFC Group LTD um contrato de compra e venda de ações, relativo a 45% das ações do Estrela da Amadora, pelo valor de 2.549.129,70 ? (dois milhões quinhentos e quarenta e nove mil cento e vinte e nove euros e setenta cêntimos).

2. O referido contrato viria mais tarde a ser renegociado entre as partes, no sentido de contemplar 90 % das ações do Clube, pelo valor de 5.000.000,00 ? (cinco milhões de euros).

3. Apesar das sucessivas renegociações e prorrogações de prazo, a compradora, a sociedade MYFC Group LTD, nunca efetuou o pagamento das ações do Clube, nos termos acordados.

4. Em maio de 2023, a referida empresa MYFC Group LTD, encontrando-se então numa situação de incumprimento prolongada, tentou passar a sua posição contratual para uma outra empresa, designada MYFC Ventures.

5. Ambas as referidas empresas - a MYFC Group LTD e a MYFC Ventures LTD - foram constituídas ao abrigo da lei do Reino Unido, sendo as duas integralmente detidas e geridas por dois cidadãos portugueses, Hugo Domingues e Ivan Braz.

6. No entanto, como os acionistas do Estrela da Amadora viriam mais tarde a descobrir, a sociedade MYFC Group LTD já se encontrava legalmente extinta aquando da tentativa de cessação da posição contratual, tendo a mesma sido dissolvida por via administrativa pelos serviços do registo comercial do Reino Unido, em fevereiro de 2023.

7. Também a MYFC Ventures LTD foi alvo de um procedimento de encerramento compulsório por parte das autoridades britânicas, tendo esse procedimento sido suspenso em 20 de maio de 2025, aguardando conclusão das autoridades competentes.

8. Ao contrário do noticiado na referida notícia, a MYFC Group LTD e a MYFC Ventures LTD não são fundos de investimento. Com efeito, estas entidades não estão legalmente habilitadas a constituir ou gerir fundos de investimento pelas autoridades reguladoras competentes, nomeadamente a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ou a Financial Conduct Authority (FCA) do Reino Unido.

9. A angariação de fundos por parte da MYFC, entidade que se apresenta como fundo de investimento sem autorização legal para atuar com essa qualidade, sob a aparência de permitir aos investidores adquirir uma participação no Estrela da Amadora cujo negócio não estava concretizado, constitui violação grosseira das normas legais e regulatórias do setor financeiro, podendo igualmente constituir a prática de ilícitos de natureza criminal.

10. O Estrela da Amadora não tem conhecimento da identidade ou do número de investidores eventualmente angariados pela MYFC Ventures, sendo totalmente alheio a quaisquer investimentos alegadamente realizados por Diogo Jota ou Patrice Evra na referida sociedade.

11. Os investidores da MYFC Ventures não detêm, nem nunca detiveram, qualquer participação no capital social do Estrela da Amadora.

12. Corre termos ação judicial relativa ao litígio entre a MYFC e o Estrela da Amadora, no âmbito da qual foi deduzido pedido reconvencial pelo Estrela da Amadora e os seus atuais acionistas contra a MYFC no valor de 9.668.569,72 ? (nove milhões seiscentos e sessenta e oito mil quinhentos e sessenta e nove euros e setenta e dois cêntimos) pelos danos decorrentes do incumprimento do contrato de compra e venda das ações do Clube.

Lisboa, 22 de maio de 2025

Melo Alves Advogados"