Kiara Barroso aproveitou a covid-19 para aperfeiçoar o talento no taekwondo, aos 17 anos subiu ao top 10 mundial na categoria de -46 kg e reforçou o sonho olímpico, após conquistar três medalhas internacionais no último mês.

“Passámos o período da covid-19 em Portugal, em Cabeceiras de Basto, e focámo-nos muito no taekwondo. Treinava intensa e diariamente com o meu pai. Evoluí muito e reforcei o meu entusiasmo, pelo que desde então que o meu sonho é ir a Los Angeles2028 e acho que tenho boas condições para o conseguir”, disse a jovem competidora em declarações à agência Lusa.

Apesar de ainda ter idade júnior, a medalha de bronze nos europeus de 2023 tem competido este ano em seniores, com desempenhos que no final de novembro a colocarão no top 10 mundial e no top 30 do ranking de qualificação olímpica.

“Por enquanto, é maior a alegria por esta ascensão internacional, mas o peso da responsabilidade vai chegar rápido”, assume, algo tímida, a atleta que cresceu e vive na região de Paris e se iniciou na modalidade aos nove anos.

Depois da medalha de prata no Open da Croácia, Kiara voltou ao pódio nos Open da Roménia e da Bósnia-Herzegovina.

Em 2025 Kiara vai instalar-se em Portugal, decisão com duplo impacto na sua vida: focar-se ainda mais no taekwondo e tentar entrar no curso de medicina da Universidade do Minho, estando, assim, também mais próxima do seu “mentor”, Rui Bragança, o melhor atleta português de todos os tempos, que abandonou a alta competição este ano.

“Quando tinha 12 anos, e ainda não representava Portugal, o meu pai levou-me a um estágio de taekwondo sem me dar detalhes. Depois vi que era com o Rui Bragança. Pedi-lhe para assinar as minhas luvas de combate. Em júnior, competi sempre com elas. Quando ficaram gastas, em 2022, comprei umas novas e pedi outra vez ao Rui Bragança para as assinar. Estava convencida que, sem isso, não podia ganhar…”, contou, sem esconder o sorriso.

Chamada, em simultâneo, para as seleções de Portugal e da França, houve um momento em que teve de decidir, embora o coração da jovem nunca tenha vacilado a esse nível.

“Em 2020, no meu primeiro Internacional, na Suécia, cruzei-me com o Rui Bragança, o Júlio Cruz e a Joana Cunha, além do mestre Peixoto. Ainda combatia pelo meu clube francês, porém tinha imensa admiração por eles, sobretudo pela sua humildade, sendo os melhores de Portugal. Nesse Open, a Joana ofereceu-me o casaco dela do Comité Olímpico de Portugal. Fiquei tão, mas tão feliz que disse ao meu pai que queria atingir o mesmo nível e ter o meu. Aconteceu o ano passado”, regozijou-se.

O pai Pedro Barroso, um antigo praticante e que há um ano se dedica em exclusivo a treinar Kiara, admitiu ter algumas dúvidas na hora de escolher a seleção – “em Portugal havia alguma confusão, com duas federações a exercer” -, contudo garante que agora é tudo “perfeito”, principalmente a partir do momento em que a sua descendente entrou no Projeto de Esperanças Olímpicas do COP.

Ambos concordam com a “técnica acima da média” de Kiara, “super-focada nos objetivos e nos treinos”, contudo tem ainda a melhorar mentalmente, sobretudo na “confiança” quando atinge as meias-finais das provas internacionais.

Para LA2028 apuram-se os 16 melhores do Mundo em cada categoria e é já a pensar nisso que Kiara vai participar, em 07 de dezembro, no primeiro Grand Prix Challenge desta olimpíada, em Wuxi, na China, que já atribui vagas para a competição que em 2026 vai decidir a maior parte das quotas para os Jogos.