
Há quem jure que é o maior espetáculo do Mundo de automobilismo, que normalmente conta com 350 mil espetadores, que enchem o Indianapolis Motor Speedway. Este ano, as 500 milhas de Indianápolis são a sexta corrida da IndyCar Series, mas a mística da corrida que vai na 109.º edição ultrapassa tudo isso.
Na qualificação do último fim de semana, Robert Shwartzman conquistou a pole position para a equipa Prema Racing, tornando-se o primeiro rookie desde 1983 a fazê-lo, enquanto o vencedor da temporada passada, Josef Newgarden, conseguiu apenas a 32.ª posição na grelha depois das penalizações que o tiraram do 11.º lugar.
Newgarden chegou com o sonho de se tornar o primeiro piloto a vencer as 500 Milhas de Indianápolis três anos consecutivos, mas a tarefa tornou-se quase impossível depois de cair para o 32.º lugar. Já o antigo piloto de F1, Takuma Sato, mostrou o que vale a experiência e, aos 48 anos, garantiu o segundo lugar para a partida, à frente do mexicano Pato O'Ward, que esteve muito perto de vencer a corrida em 2022 e 2024.
No ano passado, Pato O'Ward comoveu o mundo automobilístico ao perder a corrida depois de ser ultrapassado na última curva. Este ano arranjou uma ajuda superior e não teve vergonha de mostrar o seu lado mais místico.
O’Ward vai apresentar-se com um capacete adornado com símbolos da mitologia asteca em nome do «sacrifício». O mexicano vai usar o desenho de Cipactli no capacete e promete utilizar olhos da criatura mitológica para o resto da sua carreira caso consiga vencer a Indy 500.
A Cipactli era um monstro marinho parte crocodilo e parte peixe. Sempre faminta, tinha uma boca em cada várias partes do seu corpo. «Estes olhos são minha parte favorita. Este monstro é asteca, do México, queria fazer algo das minhas origens, de onde vim. O significado desta criatura é porque tem 18 bocas diferentes, engolia o que via pela frente, mas foi sacrificada para a criação do céu e do inferno», revelou o piloto que, no ano passado, foi segundo classificado.
A emoção do mexicano com a derrota comoveu a comunidade do automobilismo. «Às vezes, é preciso sacrificar coisas para chegar à excelência, e é isso que estou a fazer. Carrego esta imagem com orgulho e prometi que se vencer, vou usar estes olhos no cimo do capacete para o resto da minha carreira», completou.
Uma das imagens de marca das 500 milhas de Indianápolis são os vencedores a beberem uma garrafa de leite em vez do tradicional champanhe. Reza a história que Louis Meyer, campeão em 1936, pediu um copo de leitelho — líquido que sobra da produção de manteiga — para se hidratar. Anos mais tarde, a tradição voltou com o patrocínio da Associação da Indústria Americana de Leite que decidiu premiar o vencedor com 400 dólares, cerca de 350 euros, desde que bebesse o leite no pódio.
Hoje em dia até podem escolher o tipo de leite que querem e a tradição não foi ignorada por quase ninguém. Exceto Emerson Fittipaldi.
Tendo em conta esta tradição e a superstição do rival, Robert Schwarztman arrancou forte gargalhadas na conferência de impresa. «Para ganhar tem de comprar uma vaca e ordenha-la!»
O piloto russo-israelita mostrou-se a ordenhar a vaca nas suas redes sociais e explicou que o levaram a fazê-lo como atividade de promoção mas que lhe disseram que há uma tradição que diz que quem ordenha a vaca ganha a corrida. «Talvez o que precises é de sorte para ganhar a Indy 500, porque a mulher que é dona da vaca disse-me que quem nunca ordenhou a vaca não ganha, que sofrem abandonos e têm muito azar. Quem ordenha a vaca, vence: Alexander Rossi (2021) fê-lo e ganhou», disse o rival a Pato.
«Vou comprar uma vaca e ordenhá-la esta noite», atirou o mexicano perante a risada dos outros pilotos.
Este domingo se verá se é verdade, mas pelo sim pelo não há quem diga que o fez.
Dentro de pista haverá muito mais a ter em conta, até porque em jogo está uma parte do Santo Graal de qualquer piloto: ‘Tríplice Coroa'. Nada mais nada menos do que conseguir vencer as três provas mais míticas e difíceis: 500 Milhas de Indianápolis, as 24 Horas de Le Mans e o Grande Prémio de Mónaco de F1. Até hoje, só Graham Hill conseguiu fazê-lo.