Dois minutos dão para muita coisa. Que o digam, por exemplo, Bayern e Manchester United na final da Liga dos Campeões de 1999, quando os ingleses passaram de uma desvantagem de 1-0 para uma vantagem de 2-1 em apenas 103 segundos (90+1 e 90+3).
Esta terça-feira, em Faro, no mítico São Luís, nem dois minutos foram necessários para o Benfica inverter desvantagem de um golo (0-1) para vantagem de dois (2-1). Schjelderup fez o primeiro aos 55.50, Arthur Cabral marcou o segundo aos 57.03. Bastaram 73 segundos para que os encarnados finalizassem a reviravolta no marcador. E, passados mais quatro minutos e nove segundos, Bah fechou o jogo: 3-1 aos 61.12.
Os algarvios marcaram cedo, sim, mas cedo também se percebeu que muito dificilmente aguentariam a maior pedalada dos encarnados, embora estes não arrancassem nada de verdadeiramente interessante até ao intervalo, a não ser, claro, o que saía do pé esquerdo de Di María.
E de repente, pertinho do descanso, já depois de Neto, lesionado, ser substituído por Seruca, soaram todos os alarmes encarnados: também lesionado, Di María abandonava o relvado, aparentemente devido a lesão muscular. O argentino falhara apenas um jogo esta época, frente ao Casa Pia, na jornada 2 da Liga e por entorse, não por lesão muscular. Enorme sinal de alarme, pois o campeão do Mundo fora responsável por 13 golos e 7 assistências em 2024/2025. Ou seja, teve interferência num terço dos golos do Benfica.
A perder por 0-1 e sem a sua maior estrela, como reagiria o Benfica a segundos 45 minutos em dupla desvantagem e frente a um Farense que se fechava muito bem junto da sua área? A verdade é que, sem Di María e com Amdouni, foi o Farense a entrar na segunda parte com algum perigo, através de remates de Miguel Menino (muito por cima da barra) e de Tomané, este para Samuel Soares defender sem grandes dificuldades.
Porém, de rajada, o Benfica passou de 0-1 para 2-1. Schjelderup entrou pelo lado esquerdo (como entrara frente ao Sporting na final da Taça da Liga), desviou ligeiramente para o meio e rematou forte e colocadíssimo para o empate. O cronómetro marcava 55 minutos e 50 segundos. Quase de seguida, Carreras faz um lançamento longo para a direita do ataque do Benfica, Arthur Cabral dominou a bola e, pum!, fez o 2-1. Tinham passado apenas 73 segundos.
Sim, tinha passado pouco mais de um minuto, mas o Benfica estava insaciável. Quatro minutos depois, Arthur Cabral entrou na área em rodriguinhos, tentou o terceiro golo, a bola sobrou para Bah e o dinamarquês fez o 3-1. O cronómetro marcava agora 61 minutos e 12 segundos. Empate (1-1), reviravolta (2-1) e tranquilidade quase absoluta (3-1) demoraram apenas 5 minutos e 22 segundos a consumar.
O resultado fechava-se e, mesmo sem Di María, sem o maior talento do plantel, o Benfica conseguia jogar bem, criar golos e marcar golos. Frente ao penúltimo classificado da Liga, é certo, mas ficou provado que há vida no Benfica para lá de Di María.