Bruno Lage considera que as experiências em Inglaterra e no Brasil, treinando Wolverhampton e Botafogo, fizeram dele melhor treinador. Em entrevista à UEFA, publicada pelo Benfica este domingo, em semana de jogo com o Bayern Munique, Bruno Lage fala da experiência que adquiriu, e que agora o ajuda nesta segunda passagem pelos encarnados.
«Ficaram essas duas experiências tão ricas e tão diferentes. Olhando um pouco para trás, acho que foram fundamentais. Até mesmo no crescimento enquanto treinador, aconselho, se houver a oportunidade de ter estas experiências, porque fazem de nós melhores treinadores. Quer Inglaterra, pela cultura e pelo contexto, e pelas competições, quer a experiência completamente diferente no Brasil. Como disse, eu tenho essas experiências nesses países, mas, claro, a maior riqueza em termos de crescimento foi em Inglaterra, por várias razões. Até recuo um pouco porque uma das grandes experiências da minha vida foi realmente o Championship [Swansea], isso deu-me a capacidade de vivenciar pela primeira vez o que é ter uma equipa a competir com jogos a meio da semana. O Championship é um campeonato muito duro e que nos dá essa aprendizagem, de nós percebermos como trabalhar e preparar uma equipa com jogos de três em três dias. E a Premier League, que nos dá uma riqueza enorme pelo facto de estarmos, primeiro, a disputar jogos com 19 treinadores que podiam estar a competir na Champions League, com equipas recheadas de grandes jogadores, e a riqueza tática e estratégica de cada jogo. Por isso, foram duas experiências fantásticas que nos deixam continuar a trabalhar, continuar a evoluir para cada dia sermos mais competentes», explicou.
Lage falou também da rotina sem trabalho. «Longe dos treinos, não do futebol. A nossa profissão a isso obriga. Enquanto estive fora, até por opção, recebi alguns convites com os quais eu me senti muito honrado, mas senti que tinha de esperar pelo projeto certo. E assim aconteceu. Um projeto que estimulasse o melhor de mim, que me proporcionasse voltar a colocar uma equipa a jogar o jogo que eu gosto, e, claro, com a ambição de vencer títulos. E, nesse período, estabeleci uma regra – porque já tenho dois meninos [filhos], um com nove, que é o Jaime, e o Manuel com quatro anos – em que durante o fim de semana não haveria futebol, porque a minha concentração e o tempo disponível seria para eles, mas que de segunda a sexta-feira, aí, sim, com eles na escola, eu poderia ter o tempo que eu gosto de ter para fazer diversas coisas. Uma delas é olhar para os jogos que me interessam, que passaram durante o fim de semana, em função do resultado, ou do sistema, ou do treinador, ou de como é que o jogo decorreu, e poder observá-lo com mais calma e perceber o que é que se pode ter passado naqueles jogos. São sempre situações muito interessantes», contou, mas o trabalho de casa não acaba aqui:
«Gosto também de ter algum tempo para olhar para aquilo que foi feito no passado, fundamentalmente à nossa forma de treinar, a exercícios, como é que podemos melhorar. E depois gosto muito de ler e ver documentários sobre aquilo que são dinâmicas de equipa, por isso confesso que vi muitos documentários sobre dinâmicas de equipa de outros desportos, não só do futebol. Acabei por ler muita coisa sobre futebol, sobre estratégia, sobre comunicação, sobre liderança, enfim… Foi um tempo muito bem preenchido, e quando não estamos a trabalhar diretamente no futebol temos de o saber preencher.»