
Uma bicicleta de embelezar qualquer evento desportivo, uma cambalhota à boleia de um génio, Roma como palco e um líder de pelotão sem cabeça. Podíamos estar a falar do famoso Giro d'Itália, mas foi este o resumo da queda do FC Porto, que perdeu por 3-2 e acabou eliminado da Liga Europa.
Era o jogo do tudo ou nada para o FC Porto na Europa, com Roma, em Itália, como palco. Do lado portista, o técnico Martín Anselmi mexia nos dois médios ofensivos, colocando Pepê e Fábio Vieira, em detrimento de Rodrigo Mora e Gonçalo Borges. Por sua vez, do lado romano, em relação ao jogo no Dragão, Ranieri promoveu três alterações, com Shomurodov, El Shaarawy e Manu Koné a entrarem para os lugares de Dovbyk, Saelemaekers (castigado) e Cristante (castigado)
Só vale golaços
O ambiente no Olímpico era absolutamente arrepiante, com os cerca de 500 adeptos portistas presentes a «batalharem» acerrimamente com os mais de 60 mil romanos que pintavam este Coliseu. Dentro das quatro linhas, o FC Porto tentou manter-se fiel a si mesmo e ir construindo a partir de trás, mas foi tendo dificuldades face à pressão alta da Roma e foi obrigado a bater diversas vezes na frente, para um solitário Samu, e cometendo, inclusive, alguns erros. Isto, de resto, fez com que o FC Porto fosse, na maioria da 1ª parte, bastante inoperante com bola, face ao espaço a mais entre setores e falta de apoio.
Fábio Vieira, no passe, e Pepê, nas diagonais, ainda tentaram avivar a equipa, mas a Roma foi sendo mais confortável com bola, conseguindo juntar os médios e alas ao processo ofensivo, o que obrigou o FC Porto a defender-se - embora boa parte tivesse sido contra cruzamentos, onde a Roma inseria com facilidade muita gente na área. Contudo, os dragões foram letais e mostraram que também sabiam pressionar alto: aos 27', Svilar cometeu um erro escandaloso, colocou a bola nos adversários e, na insistência, Samu fez um golo de bicicleta capaz de levantar qualquer estádio.
Durante um par de minutos, sentiu-se o desconforto: o Coliseu baixou o volume, a mancha azul e branca fez-se ouvir e, dentro de campo, a Roma ficou mais trémula com bola nos pés. No entanto, é nesses momentos que se vê quem são os jogadores diferenciados e, aí, apareceu um tal de Paulo Dybala. O criativo argentino até estava desaparecido até então, bem marcado pelos médios portistas, mas abriu o livro e, em apenas cinco minutos, virou o jogo.
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Faltou cabeça
Estava tudo em aberto para a 2ª parte, mas rapidamente os dragões ficaram em piores lençóis, quando, aos 51', Eustáquio viu um vermelho direto completamente desnecessário, por tentativa de agressão a Leandro Paredes. O Olímpico explodia e o Dragão via-se obrigado a escolher à sua «toca» (área), com a Roma a subir linhas e a tentar fechar definitivamente a eliminatória. Anselmi procurou reequilibrar a equipa, baixando Fábio Vieira para junto de Alan Varela e fazendo entrar Gonçalo Borges para a transição, mas o jogo tinha mudado completamente de figura.
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Sem nada a perder, Anselmi tentou reviver a equipa. Já depois de ter abdicado dos três centrais, colocou «a carne toda no assador» e fez entrar, para a ponta final, William Gomes, Tomás Perez - estreia absoluta - e Namaso. O FC Porto ficou com mais capacidade de ter bola - Roma também recuou ligeiramente linhas -, mas também deu mais espaço para os romanos saírem na transição e isso colmatou no 3-1, aos 83', pelo jovem Niccolò Pisilli, após cruzamento na esquerda.
Esta acabou por ser a «machada final» ao Dragão. Os jovens ainda tentaram mexer com a equipa na frente, mas não passou pela intenção e faltava discernimento e cabeça para mais. No último minuto dos descontos, Rensch foi infeliz e fez auto-golo, mas veio tarde e a más horas e o FC Porto acabou derrotado e eliminado no Coliseu que foi o Olímpico. É o adeus portista às competições europeias esta época.