Tudo começou há mais de 50 anos, no Bronx, o distrito mais a Norte de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Foi lá que nasceu a cultura hip-hop e, com ela, o breakdance, que se tornaria rapidamente um fenómeno nas comunidades locais. O breaking, novidade em Paris 2024, é a versão desportiva desta dança urbana.

O primeiro e talvez maior responsável terá sido o ‘pai’ do hip-hop, Kool Herc. Segundo a BBC, o DJ jamaicano, durante uma festa em 1973, decidiu "misturar dois discos, isolando e prolongando as batidas do bumbo, também conhecidas como breaks, ao mesmo tempo em que criava sobreposições sonoras rítmicas".

Kool Herc
Kool Herc Djamilla Rosa Cochran

Em festas de bairro como aquela (as famosas block parties), surgiram também os B-Boys e as B-girls, os dançarinos que, ao som daquelas batidas energéticas, começaram a fazer o que é hoje conhecido como breaking.

A dança é caracterizada por movimentos rápidos e acrobáticos - cuidado se tentar repeti-los sem o devido treino - acompanhada pelo break (a música, sem vozes ou instrumentos que não sejam de percussão).

No Bronx, o breakdance era uma alternativa para muitos jovens que viviam numa região onde a pobreza e criminalidade faziam parte do quotidiano. Com o passar dos anos, o movimento foi caminhando em direção ao profissionalismo.

A Battle of the Year (Batalha do Ano), criada em 1990, é reconhecida como a primeira competição internacional de breaking. A modalidade foi introduzida no circuito olímpico nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, realizado em Buenos Aires.

Quem é a portuguesa que vai dançar em Paris?

Portugal terá uma representante na estreia do breaking em Jogos Olímpicos. Nascida em Leiria, Vanessa Marina andou na Escola Superior de Dança, em Lisboa, e seguiu para Londres em 2014 com o sonho de entrar numa companhia de dança contemporânea.

Os planos não correram como o esperado e o breaking entrou na vida da portuguesa, hoje com 32 anos, que começou a praticar a modalidade ao mesmo tempo que trabalhava num restaurante e dava aulas de dança.

Vanessa Marina
Vanessa Marina Reprodução/Instagram

Depois do bronze no Europeu da modalidade em 2022, a B-girl apurou-se para Paris 2024 em Budapeste, na última etapa das qualificações para, fechando o ranking olímpico na nona posição.

Como será o ‘breaking olímpico’?

A competição vai contar com 32 atletas (16 B-boys e 16 B-girls). Os duelos serão individuais, um contra um, com juízes para atribuir notas às performances dos breakdancers.

O evento vai decorrer nos dias 9 e 10 de agosto, na Praça da Concórdia.

Até já, Jogos Olímpicos

A má notícia para o breaking é que depois da estreia vem logo o adeus, ou pelo menos um até já. O breaking está fora do programa olímpico de Los Angeles 2028.

“[Temos de] manifestar a nossa tristeza perante esta decisão, mas isto também envolve muita política, e a política e o dinheiro muitas vezes põem-se à frente do interesse do desporto. Melhores dias virão”, disse à Lusa a presidente da Federação Portuguesa de Dança Desportiva, Marina Rodrigues, em outubro do ano passado.

No entanto, segunda a federação internacional da modalidade, “é quase certo” que o breaking regresse ao circuito olímpico em Brisbane 2032, nos Jogos da Austrália.