
Sendo completamente sinceros, não conseguimos contar o número de vezes que escrevemos e reescrevemos o início desta crónica. Afinal de contas, aconteceu de tudo um pouco no jogo entre o Benfica e o Chelsea.
Se, numa primeira fase, as águias estavam a fazer uma exibição francamente pálida, a verdade é que a paragem no jogo provocada pelo mau tempo e um golo 'caído do céu' de Di María ainda fizeram com que as águias acreditassem na passagem aos quartos do Mundial de Clubes.
Ainda assim, os tentos de Nkunku, isto após novo erro de Trubin- o ucraniano passa de herói a vilão na competição-, Pedro Neto e Dewsburry-Hall no prolongamento ditaram o triunfo por 1-4 dos blues.
Agora, e num cenário que até havia sido abordado por Bruno Lage na conferência pré-jogo, o plantel encarnado tem uns dias de férias antes de começar a preparar a Supertaça frente ao Sporting- o jogo está agendado para 31 de julho. Tudo isto já sem Di María, que fez o último jogo de águia ao peito neste sábado.
Uma velocidade abaixo
O Benfica chegava ao encontro frente ao Chelsea com os índices de motivação em alta, isto na medida em que haviam batido o Bayern München na passada terça-feira e terminado o grupo C no primeiro lugar.
Se do lado inglês foram sete as mudanças em relação ao onze apresentado frente ao Esperance Tunis, a verdade é que Bruno Lage foi bem mais comedido e alterou apenas duas peças em relação à partida da passada terça-feira: Renato Sanches, que tem estado a contas com problemas físicos, e Prestianni deram lugar a Florentino Luís e Kokcu.
Sendo certo que o nível de intensidade é sempre dos aspetos mais enaltecidos quando se fala de equipas da Premier League, a verdade é que o Chelsea deu contornos práticos a esta premissa desde o primeiro minuto. Logo a abrir, Pedro Neto superou Dahl na velocidade e testou a atenção de Trubin, numa amostra clara do que estaria para vir.

O meio-campo do Benfica, composto por Florentino, Leandro Barreiro e Kokcu, esteve sempre bem vigiado pela pressão de Caicedo, Enzo Fernández e Lavia. Assim, a equipa de Bruno Lage teve muitas dificuldades em sair com bola controlada e foi completamente manietada pelos blues.
A isto somam-se ainda as dificuldades sentidas no momento defensivo: com Cole Palmer a partir de forma insistente da esquerda para o meio, o lateral Aursnes era obrigado a acompanhar os movimentos do criativo; tal cenário abria espaço para o lateral Cucurella, pelo que foi Di María quem teve de baixar várias vezes e encaixar na linha de cinco a defender.
Perante isto, a primeira parte terminou com registo de oportunidades apenas para o lado inglês. Trubin, com três defesas (uma delas, a remate de Cucrella, especialmente difícil), e António Silva, com um corte em cima da linha, exibiram-se a grande nível.
O intervalo chegou assim com o nulo no marcador.
O que aconteceu, Trubin?
Ainda que Bruno Lage tenha colocado Akturkoglu no lugar do desinspirado Schjelderup- é certo que o norueguês praticamente não teve bola- logo no arranque da etapa complementar, a verdade é que não houve mudanças consideráveis na forma de jogar das águias.
Enquanto Pavlidis esteve muito desapoiado nas tentativas de lançamentos longos que lhe eram feitas, elementos como Florentino Luís apresentaram-se bastante erráticos no momento de fazer o esférico circular. De resto, o Chelsea conseguiu criar perigo por mais do que uma vez após perdas de bola do camisola 61.
Com estes dados em cima da mesa, o que parecia uma inevitabilidade acabou por se concretizar. Falamos, como já deve ter percebido, do golo dos blues. Ainda assim, a vantagem inglesa surgiu de uma forma um tanto ao quanto inesperada.

Na sequência de uma falta cometida por Florentino Luís no corredor lateral, aos 64', Reece James arriscou e, em vez do expectável cruzamento, optou pelo remate. Tal decisão apanhou Trubin desprevenido, tendo o guarda-redes ucraniano saído com muitas culpas de um lance em que a bola se alojou junto ao poste.
A partir daqui, o jogo ganhou contornos inesperados, qual montanha-russa...
Bruno Lage foi mexendo na equipa, sendo que, segundos depois de Tiago Gouveia e João Veloso terem entrado, a partida foi interrompida devido às más condições meteorológicas
Com os jogadores de regresso ao relvado do Bank of America Stadium ao cabo de duas horas, o Benfica foi feliz e dispôs de um penálti já nos descontos. Di María, numa luta incessante contra o relógio da despedida, não tremeu, rematou para o centro da baliza e levou o encontro para prolongamento.
Nesta fase, até poderia dar-se o caso de as águias saírem por cima em termos de motivação, mas tal cenário ruiu ao cabo de dois minutos: já depois de ter feito uma péssima exibição no tempo regulamentar, Prestianni foi expulso e deixou a sua equipa completamente descompensada.
E pese embora o Benfica tenha conseguido sair de forma rápida em certos momentos, a falta de clareza começou a apoderar-se dos jogadores da equipa encarnada e o Chelsea aproveitou. Com três tentos na segunda parte do prolongamento, os blues ditaram assim o fim da participação portuguesa no Mundial de Clubes.