
Frederico Varandas deu durante a noite desta sexta-feira uma entrevista à Sporting TV, onde abordou a atualidade do clube de Alvalade.
Frederico Varandas, atual presidente do Sporting, concedeu uma entrevista à Sporting TV, onde falou sobre alguns temas relacionados com a turma de Alvalade. O dirigente falou sobre a participação da equipa na Champions League:
«Sporting tinha objetivos delineados em relação à Champions. O nosso objetivo era chegar ao play off, fizemos uma boa fase de grupos, conseguimos cerca de 50M e enfrentámos uma equipa forte no playoff. O atual vice-campeão europeu é fica um sentimento amargo porque sentimos que se tivéssemos outras condições para competir esta eliminatória seguramente íamos discutir essa passagem».
Frederico Varandas confessou que o foco é o campeonato:
«Temos de ser realistas e pragmáticos. Ter uma análise de quantas batalhas podemos ir e quantos soldados temos. Naquele momento, o que tínhamos era uma limitação muito grande e não havia como dar mais minutos a jogadores sobrecarregados e jogadores a vir de lesão».
O presidente falou do atual plantel do Sporting:
«Temos de recuar uns meses quando este plantel foi construído para o antigo treinador, ajustado para o seu sistema tático e que se foi aperfeiçoando para ele. Foi um plantel que sempre deu resultado e de facto acontece que este ano por várias circunstâncias obviamente, mudando de treinador, é um plantel ajustado a um sistema de jogo que hoje não se aplica. Não queríamos que assim fosse, mas assim é».
O dirigente comentou o mercado de transferências:
«Começámos a preparar a época ainda antes da época anterior e colocámos um objetivo ambicioso que a SAD fosse a um limite nunca antes visto. Fizemos algo que nunca tínhamos conseguido fazer – não vender um único titular. A equipa que foi campeã e fez a melhor época dos últimos 70 anos a nível de desempenho. Quisemos manter a estrutura de equipa».
Frederico Varandas continuar a falar das janelas de transferências:
«Para além disso, a SAD investiu cerca de 65 milhões que entraram este ano. Maxi Araújo, Debast, Harder, Kovacevic, Rui Silva, Biel. 65 milhões de euros de investimento e não perdemos nenhum jogador titular, foi um esforço muito grande para a SAD».
O dirigente abordou o orçamento de transferências:
«Quando chegámos aqui em 2018, o orçamento de investimento para aquisições andava nos 30 milhões de euros. Hoje mais do que duplicámos. Desde que está aqui essa direção, foi o ano em que menos vendemos».
Frederico Varandas assumiu que a aposta feita foi algo arrojada:
«Fizemos uma aposta consciente, mas muito arrojada do ponto de vista de investimento. Analisando hoje o que se passa até hoje, quem me dera ter a saúde financeira de um Manchester City, PSG.. não temos».
O dirigente admitiu que a capacidade financeira não aumenta pelas lesões que existem:
«Não é por ter uma, duas, três lesões que há aqui uma gaveta onde tiro fundos ilimitados. Incapacidade financeira? Claro. Não vender titulares e investir mais 65 milhões de euros. Não é por ter uma lesão ou duas que tenho mais capacidade financeira. O mercado de janeiro é extremamente difícil e caro. Basta por um exemplo em que o Manchester City pagou 60 milhões pelo Nico González. Quanto é que custaria o Pote? Um jogador titularissimo e indiscutível. Os clubes não têm interesse em vender os seus principais ativos em janeiro».
Frederico Varandas recordou que o Sporting está em primeiro lugar:
«Com todas as contrariedades, estamos na luta em primeiro. Tenho de dar muito mérito a esta estrutura, jogadores, treinadores pelo que estamos a fazer. Quem me dera – e seria o primeiro – em chegar aqui e reforçar a equipa em janeiro. Quem me dera, mas não é possível. Não é a realidade do Sporting, mas há também o dobro da capacidade de investimento de quando chegámos».
O presidente falou da possibilidade do Sporting ser bicampeão:
«Desde que essa direção está aqui, já celebrámos dois títulos, fora modalidades. Esta responsabilidade é desta direção e quando ouço aqui a possibilidade do bicampeonato, claro que a responsabilidade é da direção. Mas a palavra bicampeonato pertencia ao imaginário e é preciso recuar quase 70 anos. Sei que o Sporting hoje existe e é considerada uma equipa candidata a ganhar.Estamos em primeiro. E se olhar para a camisola dos jogadores, vejo campeão nacional e isso é trabalho da direção. 40 anos onde dois clubes ganhavam e o Sporting pouco ganhava. Fico muito feliz por a palavra bicampeão existir no dicionário do Sporting e vai continuar a existir».
Frederico Varandas falou das saídas de Marcus Edwards e Vladan Kovacevic:
«(Edwards) Foi uma decisão da administração. É um jogador nosso, tem muito talento e um jogador que acreditamos. Temos de ser melhores com o Edwards para trazer o melhor dele e o Edwards também tem de ser melhor para dar o melhor de si. Achámos que o melhor era emprestá-lo. (Kovacevic) Não teve um início fácil. Não se conseguiu adaptar como achávamos e da forma mais crua e transparente, não correspondeu às expectativas, daí a vinda do Rui Silva».
O presidente recusou falar sobre uma transferência de Viktor Gyokeres no verão:
«No verão, há um ano e meio atrás, depois no mercado de janeiro, o Viktor ia sair. Depois fomos campeões nacionais, já quase não celebrou o campeonato que se ia embora. Ficou. Depois este mercado de janeiro, era impossível de reter o Viktor. Ficou. Não vou alimentar e falar em fevereiro do mercado de verão».
Frederico Varandas abordou a existência de lesões no plantel principal:
«A lesão existe no desporto, é um facto. O Sporting tem tido épocas com muito poucas lesões. Penso que Daniel Bragança teve uma lesão grave há uns anos, fomos tendo lesões como todos os clubes têm, mas quer do ponto vista traumáticas muito poucas. Lesões muscular também muito poucas. São factos. Este ano temos tido muitas lesões, sobretudo traumáticas. 8 lesionados, dos quais 5 são lesões traumáticas (3 graves) e 3 lesões muscular, o que é perfeitamente normal tendo em conta o volume e exposição de risco. O que não é normal foi começar a ter uma vaga de 3/4 lesionados a partir de novembro. Temos logo dois problemas: não contamos com estes jogadores e os jogadores que não estão disponíveis não vão poder rodar. O que significa? Não há milagres e os jogadores vão ter de se sobrecarregar. Lesões trazem sempre mais lesões.Tivemos 3/4 lesões pesadas em jogadores nucleares. Ainda mais num ano em que estamos em todas as frentes, num ano de mais jogos na Champions League, fomos à final 4 da Taça da Liga, estamos na Taça de Portugal, estamos em 1 lugar no Campeonato. Um ano em que os nossos jogadores são chamados às seleções e isto tudo somado leva uma situação muito complicada de gestão. Há coisas que se controlam e outras que não se controlam».
Frederico Varandas falou da Unidade de Performance:
«Em 2018, iniciámos a Unidade de Perfomance, que tem dos melhores profissionais a nível de qualidade de recursos humanos e foi tendo nada falta a nível de aparelhos, gestão, cargas. Temos uma Unidade que pertence à direção clínica, a equipa técnica recebe o jogador pronto para treinar e jogar. Temos esse processo de trabalho desde 2019 e nunca houve ruído. Os profissionais são os mesmos. Diz-se muita asneira, existe muito rumor e telenovelas. Os profissionais são os mesmos na área da performance e clínica».
O presidente explicou a lesão de Pedro Gonçalves:
«Lesão do Pote? Uma lesão muscular grave. Normalmente, uma lesão muscular pode ir de 10 dias a 5 meses. É uma lesão grave. O Havertz sofreu a mesma lesão do Pote e o Arsenal acabou de informar que não joga mais esta temporada. O Akanji igual. O Nuno Mendes, ex-jogador, sofreu exatamente a mesma lesão, parado mais de 4 meses. Não há milagres».
O dirigente assumiu que tem que existir calma em relação às lesões:
«Existem duas formas de encarar estes problemas: as coisas que não controlamos e as que controlamos. Podemos disparar para todo o lado, procurar um culpado, bruxedo. E depois existe outra maneira de encarar com calma e de uma forma racional. Reagir e adaptar-nos. Passámos épocas sem quase lesões, esta estamos a ter e está a ser duro. Aquele grupo não se rende, é um grupo muito forte e unido. Um grupo de campeões nacionais e não vai ser nada fácil para nenhuma equipa tirar-lhes aquele título de campeões nacionais. E também tenho de dar uma palavra ao treinador. Acaba de entrar neste grupo, não fez pré-época, tem um plantel que foi delineado para outro sistema de jogo, tem um grande número de lesões e não consegue fazer treinos Morita? Vem de uma lesão, recuperou. Clinicamente está apto, mas tem a condição para jogar dois ou três jogos seguidos? Não e teve uma nova lesão. O que me interessa é o processo e se o processo é correto, acredito. Há 3 anos, acabámos em 4 lugar e acreditava que o processo do treinador estava correto. Não vamos ganhar sempre e há coisas que não controlamos. O Sporting tem 5 lesões traumáticas e podem condicionar a época, mas não vai condicionar a época pela fibra e qualidade que temos. Com esta mudança de modelo competitivo na Champions League, o número de lesões aumentou. A própria UEFA tem de analisar. Não é só nas nossas ligas, é também a nível internacional de seleções e isso é um problema».
Frederico Varandas admitiu que o Sporting pode abdicar da Taça da Liga:
«Abdicar de competições como a Taça da Liga. Estes jogos da Champions League são jogos que queremos estar, mas os jogadores não são sobre-humanos».
O presidente abordou a saída de Hugo Viana:
«Havia um compromisso desde outubro. Hugo Viana após o fecho do mercado informou-me que por razões pessoais queria terminar o mercado de janeiro e seguir a sua vida. O Sporting não tinha outra alternativa se não aceitar».
Frederico Varandas comentou a passagem de João Pereira pelo banco do Sporting:
«Resumindo, seria muito difícil de tomar uma decisão diferente voltando aquele dia. Temos um plantel construído para jogar num 3-4-3. O João Pereira não joga da mesma forma, mas constrói a 3 e isso ajudava muito. Esta é a minha interpretação. Qualquer que fosse o treinador a vir depois de Rúben Amorim iria ser muito difícil. Os jogadores não estavam receptivos a mudar o que quer que seja naquele momento. O João teve de treinar a fazer de Rúben Amorim. O João regressou e, desde que cá estamos, está a ser melhor época da equipa B, com muitos desfalques. Apurou-se para a fase de dúvida e o João Pereira fará o seu caminho».
O antigo médio elogiou Rui Borges:
«Muito satisfeito com o treinador pela forma de trabalhar. Revejo-me na forma de olhar para o problema. Trabalhei com dezenas de treinadores e muitos reagiram de certa forma à adversidade. O Rui Borges olha muito à solução e a confiança que transmite aos jogadores é que vamos ganhar. Um treinador sereno e que acredita muito na equipa que tem. O Rui Borges é um lutador. Casou muito bem naquele grupo com lesões, expulsões. A verdade é que o Sporting luta e vai continuar a lutar».
Frederico Varandas começou por tocar na arbitragem:
«Temos uma forma de estar em que tentamos valorizar o futebol português. Criar um ambiente positivo e desde o primeiro dia, temos uma política para que se valorize a carreira do árbitro. É condições. É muito fácil que quando se está neste cargo, e falo dos rivais, cair na tentação e vir crucificar e fazer esse tipo de comunicação. O Sporting não se revê, se faz alguma critica e para melhorar o que está menos bem».
O dirigente admitiu que o critério com o Sporting é diferente:
«Considero que o critério de arbitragem que o Sporting é alvo nos seus jogos é diferente para os nossos rivais que lutam pelos mesmos objetivos».
O presidente assumiu que os árbitros são bem tratados em Alvalade:
«Em Alvalade o árbitro é bem tratado e deve ser assim. Enquanto estivermos os árbitros vão ser bem tratados. Ninguém desce para os intimar, têm todas as condições para trabalhar ali e vão ter sempre. Fico muito contente de ver um árbitro chegar a alvalade e ser livre no seu trabalho».
Frederico Varandas abordou a expulsão de Diomande frente ao FC Porto:
«O Sporting revê-se nesta forma de estar. Um jogador pode encostar a cabeça a um árbitro e não acontece nada. Um jogador nosso encosta a cabeça a um jogador rival (mal só pelo encosto tem de jogar o cartão amarelo) e esse jogador simula uma agressão e o outro é expulso. Contra o Arouca, marca-se penálti por empurrões. Este é o critério? Tudo bem. Há matéria de facto para marcar, tudo bem, mas custa me entender na mesma jornada o FC Porto ganhar 1-0 com um golo em que por acaso no lance há um empurrão grosseiro e o VAR desvaloriza. Em Alvalade, o nosso capitão agarra-se e marca penálti, dá amarelo. Este critério faz confusão».
O dirigente falou de um erro de arbitragem:
«Duas jornadas atrás, o outro nosso rival teve um penálti por mão. Ao minuto 90, na mesma zona, um jogador do Benfica faz um gesto muito mais grosseiro do que o jogador do Moreirense tinha feito e não houve critério igual. Possível penálti sobre o Quenda no Dragão? Há discussões, mas quando penáltis se marcaram assim? Por mim até pode não se marcar esse penálti, mas definam o critério porque esse critério tem prejudicado o Sporting».
Frederico Varandas admitiu que o campeonato poderia estar decidido:
«A verdade que é mais ponto menos ponto este campeonato estaria decidido, segundo os ex-árbitros. Estamos a falar de muitos pontos de diferença e o Sporting sente que não tem havido esse critério».
O presidente criticou uma postura do FC Porto e abordou uma decisão de Tiago Martins:
«Começou a falar na arbitragem na nossa forma de estar, mas apelo também aos árbitros da forma como reagem a determinados tipos de comunicação. Lembro-me no Famalicão x FC Porto de anular um golo ao FC Porto e marca um penálti ao Famalicão. A decisão foi correta. Unânime. O FC Porto perdeu pontos e fez aquela comunicação que a culpa era dos árbitros, a atirar poeira. Não me revejo nisso. Tudo a bater no Tiago Martins, que decidiu bem. Passado alguns jogos, arbitrou o Nacional x FC Porto e logo ao início do jogo, houve uma entrada perigosa para cartão vermelho e o Tiago Martins mostrou amarelo. Um lance em que não tenho dúvida de um árbitro que é dos melhores Vars foi condicionada por não reagir a este tipo de comunicações. Naquele momento, os clubes que se identificam com esse tipo de comunicação fazem isso».
Frederico Varandas voltou a abordar a expulsão de Diomande frente ao FC Porto:
«João Pinheiro? Não tenho dúvidas de que pareceu lhe uma agressão de Diomande. O VAR que está calmo não consegue ver que nao houve uma agressão? Podiam pedir. Teve complicações no jogo e o Diomande foi proibido assim jogar com o Arouca e isso pesa».
O dirigente explicou o apoio a Pedro Proença à liderança FPF:
«Havia dois candidatos para a FPF e a escolha foi muito fácil em virtude das pessoas e projeto. A principal razão pela qual apoiou Pedro Proença foi a visão que o Sporting hoje tem para melhorar a transparência e qualidade de arbitragem. Fiquei muito contente por ver Luciano Gonçalves no programa. Publicação da nota dos árbitros e quem avalia é importante de saber».
Frederico Varandas falou sobre as acusações de Augsto Inácio e aplicou um discurso arrasador:
«O Sporting sempre teve um diretor clínico. Para mim está num nível de conteúdo do lixo. De 2015-2018, era diretor clínico do Sporting e em virtude do departamento clínico do Sporting não ter determinados aparelhos porque eram caros, o Sporting pontualmente usava a minha clínica. Nessa altura, Bruno de Carvalho queria que eu cobrasse esses serviços e nunca aconteceu. Nunca foi cobrado um cêntimo. Quando venci as eleições, quis equipar o departamento médico do Sporting o melhor possível. Desde 2018 o departamento clínico do Sporting não precisa de nenhuma clínica e não há utilização da minha clínica para nada. De 2015-2025 não há um único cêntimo pago à minha clínica . Augusto Inácio vai ter de responder em tribunal no sítio certo por ter dito o que disse. Conheço-o bem, trabalhei com ele duas vezes. Na altura mais crítica dos mandatos de Bruno Carvalho, convidou Augusto Inácio para ser diretor desportivo com um contrato considerável. Quando nós ganhámos as eleições contratei Hugo Viana e dispensei Augusto Inácio. Um dos processos que herdamos foi o que Mihajlovic tinha contra o Sporting. Quando a comissão de gestão estava em vigor, Augusto Inácio manteve-se e foi testemunha a favor do Sporting. A 7 de setembro de 2018 disse que o treinador foi fundamental na escolha do plantel e planeamento da pré-época. A 18 de março de 2018, testemunhou pelo treinador, onde diz que o treinador não escolheu nada, não decidiu nada. Augusto Inácio foi decisivo para o Sporting pagar 3 milhões de euros ao treinador. No dia em que vir o Augusto Inácio dizer bem de mim, tenho de refletir se sou a pessoa certa para educar os meus filhos».
O dirigente abordou a polémica criada pela falta de condolências do Sporting pela morte de Pinto da Costa:
«Fiquei surpreendido pelo barulho do assunto. Se há pessoa que ultrapassa as questões pessoais sou eu. Falo com tantas pessoas que quando deixar de ser presidente do Sporting não vão voltar a ouvir a minha voz. Foi uma decisão institucional, que nada teve a ver com o presidente. Se a instituição Sporting não se revê em quem prejudicou o clube, a indústria do futebol e os nossos valores, seria uma hipocrisia mudar por essa pessoa ter morrido. Há pessoas com a coluna vertebral flexível mas eu não a tenho e vou estar sempre do lado dos meus valores e princípios. Sei que no final do dia terei muitas pessoas que não gostam de mim, mas faz parte. Enquanto estiver aqui vou fazer o que ditam os meus princípios. Institucionalmente o clube seria hipócrita e o Sporting não é hipócrita».