Afonso Silva e João Medeiros dominaram a 45.ª edição do Grande Prémio Abimota, monopolizando as vitórias nas três etapas e o triunfo na classificação geral.

Afonso Silva, do Tavira, ganhou a primeira etapa na escaldante sexta-feira no acidentado percurso entre Proença-a-Nova e Anadia, que provocou uma razia no pelotão com mais de três dezenas de desistência, e conquistou a camisola amarela que conseguiu defender até ao final da prova.

João Medeiros, da Credibom/LA Alumínios, venceu as duas etapas seguintes, a segunda e não menos fácil jornada com início e chegada em Vouzela, e a terceira e última, da Praia da Vagueira a Águeda, com passagem montanhosa pelo Caramulo, sempre a partir de fugas, beneficiando da liberdade que o atraso na classificação geral averbado no primeiro dia que proporcionou.

Este domingo, o corredor açoriano, de 24 anos, alcançou o segundo triunfo consecutivo em etapas, ao impor-se, ao sprint, num numeroso grupo de 33 unidades que se destacou do pelotão dos homens da geral por não lhes constituir ameaça.

João Medeiros falou sorridente a ABOLA. «Estou a passar um bom momento. Tenho vindo a trabalhar muito bem estes últimos tempos e sabia que estava forte, só precisava de despertar qualquer coisa em mim. E acho que esta corrida ajudou-me nisso. A vitória ontem [sábado, 2.ª etapa] deu-me muita confiança, mesmo muita», afirmou o vencedor de duas etapas neste Abimota.

O jovem de Ponta Delgada aponta já ao próximo objetivo, o Grande Prémio do Douro, entre 7 e 10 de junho. «Quero, primeiro, desfrutar nos próximos dias, mas, sem dúvida, agora teremos o GP do Douro e pretendo continuar na onda dos bons resultados», frisou o 7.º classificado na geral, a 4.34 minutos do líder Afonso Silva.

Afonso Silva: «É uma vitória que me escapava»

Camisola amarela desde o primeiro dia, este corredor alentejano da equipa da equipa do Tavira terminou a derradeira etapa a três minutos do vencedor, integrado no pelotão com os seus adversários diretos na batalha pelos lugares cimeiros da geral e garantiu assim a vitória na edição de 2025 do GP Abimota.

«A equipa teve parabéns, tive apenas com três companheiros nesta última etapa, e conseguimos controlá-la. Tivemos duas locomotivas de início, o [Carlos] Salgueiro e o [Francisco] Campos têm uma classe gigante. Levaram-se bem protegido até ao início da subida, e nesta foi o David [Peña] que me defendeu e cabia-me responder aos ataques dos adversários», contou Afonso Silva, que fez resumiu o sucesso nesta competição.

«No ano passado fiz terceiro lugar à geral, o que já foi bom. Este ano, é claro, queremos sempre mais... O primeiro dia foi um dia muito especial. Consegui ganhar a etapa com o David [Peña, cortaram a meta lado a lado] e o objetivo passou a ser manter a camisola até o fim. Até aqui tem sido uma época muito boa. Esta vitória à geral já me escapava há algum tempo. No GP O Jogo estive muito perto, e agora consegui-a finalmente. », explicou o corredor de 25 anos.

Sobre os objetivos que se seguem: «Bem, agora é descansar uns diazinhos. Um curto período de recuperação, para encarar o que aí vem, a pensar na Volta a Portugal». E enfrentar a grande corrida do calendário português com ambições redobradas. «Sim, obviamente, de fazer uma boa Volta. Temos uma equipa muito boa. Queremos começar a focar-nos no grande objetivo do ano».

Vidal Fitas: «Um passo de cada vez»

O diretor desportivo da equipa AP Hotels&Resorts/Tavira/SC Farense, Vidal Fitas, fez o balanço do sucesso do seu corredor Afonso Silva neste GP Abimota:

«Quando se vence é sempre um êxito, como é evidente. Após a vitória do Afonso no primeiro dia, a segunda etapa foi difícil de controlar, foi ainda mais dura do que a primeira e foi um dia bastante complicado. Felizmente, ‘in extremis’ segurar a amarela e hoje, embora não tenha sido fácil, fomos bem-sucedidos», começou por explicar o responsável da formação algarvia, que apesar deste domínio nesta prova moderou as expectativas para mais altos voos.

«Um passo cada vez. Não podemos, por ter tido uma vitória, dizer já que somos capazes de tudo, porque ainda não somos. Há aqui muita gente jovem, muita gente muito nova, que ainda não é a primeira vez que se apanha nestas situações e a Volta não é o Abimota...», referiu Vidal Fitas.

E acrescentou: «A Volta é diferente, tem outra pressão, também tem outra visibilidade, é evidente. É uma prova internacional, portanto, requer outro tipo de abordagem, digamos assim. (...) Não digo já que a equipa não esteja ou não seja capaz de enfrentar a Volta a Portugal e pensar noutros voos, mas o que é certo é que ainda há lacunas e quando estas existem, nós não podemos chegar aqui de peito aberto e dizer ‘sim, senhor’. Temos essa consciência», conclui.