Prestianni chegou ao Benfica em janeiro de 2024 e ainda não percebi se ele Presti(anni) para alguma coisa ou não. Infelizmente, o homem que diz ter um plano para o jogador também não sabe muito bem se ele presta para alguma coisa ou não. Sinceramente, eu nem sei se ele tem bem um plano. Se calhar tem uma ideia. Não, não tem.

No início da temporada 2024/2025, parecia que Roger Schmidt ia finalmente apostar em Prestianni, colocando-o no 11 titular desde os jogos de pré-temporada, talvez numa tentativa de encontrar um substituto a Rafa. Esta opção fazia sentido, no entanto, toda a responsabilidade de criar o jogo de uma das melhores equipas em Portugal caía agora sobre os pés de um rapaz de 18 anos que seis meses antes não jogava nem na equipa B.

Mais que isso, também não foi justo colocar Prestianni (ou fosse quem fosse) como o principal motor de jogo de uma equipa que entrava em campo com um duplo pivot de Florentino-Barreiro, independentemente do adversário. Ainda assim, Prestianni jogava, mesmo que não fosse nas condições mais propícias para fazer uso da sua capacidade de desequilíbrio e ataque à baliza.

Com a saída de Roger Schmidt para a entrada de Bruno Lage, ficou claro que o técnico setubalense não ia depender tanto o jogo do Benfica em Prestianni e os seus minutos em campo caíram a pique, especialmente quando o jovem se lesionou em outubro. No entanto, Bruno Lage afirma que tem um plano para o jogador e que a sua hora vai chegar, mas as ações valem mais do que palavras.

Desde que Bruno Lage regressou ao Benfica, Prestianni jogou 32 minutos na Liga Portugal, 26 minutos na Taça de Portugal e apenas 303 minutos na equipa B, realizando um total de 361 minutos. Colocando as coisas de outra forma: Bruno Lage orientou o Benfica em 37 jogos desde que chegou ao Benfica, Prestianni foi convocado em apenas 15 e só jogou em quatro, sendo que a maioria dos jogos para os quais teve o prazer de se sentar no banco foram a contar para a Liga dos Campeões: nove jogos, onde nunca entrou em campo. Quer isto dizer que o treinador do Benfica não confia no jovem argentino para jogar na liga portuguesa, mas considera-o opção para a Liga dos Campeões, onde jogam os melhores clubes do mundo?

A juntar a isto, Prestianni fez apenas cinco jogos pela equipa B do Benfica esta temporada, onde nunca cumpriu 90 minutos em campo, se não joga na equipa A, porque é que não ganha ritmo e forma na equipa B? Pergunto-me qual será o plano para um jogador que custou 10M e não joga. Na verdade, até acredito que haja um plano para Prestianni, acho é que não é no Benfica.

Para mim, um jovem de 19 anos em que o clube detentor do seu passe acredita no seu talento ao ponto de se antecipar ao resto da Europa e pagar 10M pelo mesmo tem que jogar. Se não houver condições para jogar na equipa A, tem que ter minutos na equipa B, de forma a que se desenvolva e que seja uma mais-valia para o clube, de preferência, dentro das quatro linhas.

Percebe-se que a concorrência pelo lugar de extremo é elevada e o mesmo se pode dizer quanto à qualidade da mesma: Di María e Akturkoglu produzem bastante no último terço e torna-se complicado para um treinador organizar estas peças sabendo que lhes dão golo. Ainda assim, nenhum cardiologista recomenda que Di María faça 90 minutos de futebol de alta intensidade semana sim semana sim e Akturkoglu já atravessou um momento de forma paupérrimo, estas duas situações permitem rotação e integração de outros jogadores.

Não obstante, e como se não existisse Schjelderup também, o Benfica resolveu contratar Bruma em janeiro deste ano por 6M, sendo que o português vale mais pelo desequilíbrio em 1×1 e velocidade em campo aberto do que por definição no último terço do terreno, onde até decide muitas vezes mal. Objetivamente, Bruma é uma boa contratação para o Benfica, ou seria, se Prestianni não existisse e se David Neres, jogador de características semelhantes e de qualidade superior, não tivesse sido vendido no verão passado. Face a isto tudo, não consigo terminar este artigo dizendo que só Bruma decide mal quando a direção do Benfica aborda o mercado de transferências como um adolescente em Erasmus.

A época é longa. Há lesões. Há momentos de forma e de má forma e o Benfica disputa quatro competições por ano. O Benfica tem, pelo quinto ano consecutivo, o melhor e mais profundo plantel em Portugal e há cinco anos seguidos que o Benfica não espreme a sua total capacidade, a prova disso mesmo é que fiz este artigo com Prestianni como podia fazer com Schjelderup.

É estranho que dois treinadores campeões pelo Benfica não tenham apostado em Prestianni. É estranho que o mesmo treinador que viu talento em jogadores como João Félix, Ferro, Tomás Tavares, Nuno Tavares e Florentino não consiga ver talento e opções válidas em Prestianni, Schjelderup e Leandro Santos.

Este “plano” é estranho.