
Os efeitos da covid-19 nas competições internacionais ainda fazem o seu caminho para que tudo entre nos eixos em termos de calendário. Só assim se explica que duas semanas depois dos Europeus de pista coberta cheguem os Mundiais, em Nanjing, na China - a prova esteve agendada para 2020, depois 2021 e 2023, mas as regulamentações no país não permitiram que acontecesse.
Estas duas semanas podem ser longas em termos de timing de forma. E se, em Apeldoorn, Auriol Dongmo voltou às medalhas internacionais, depois de longos meses parada por lesão, em que perdeu inclusivamente os Jogos Olímpicos de Paris, em Nanjing os melhores lançamentos não surgiram. A campeã mundial indoor em Belgrado 2022 foi 8.ª, com o melhor arremesso a aparecer à 4.ª tentativa, com 18.54, numa fase em que a prova já há muito tinha subido de nível e só um lançamento acima dos 20 metros permitiria sonhar com metais.
A marca fica longe dos 19.26 metros conseguidos nos Países Baixos para conquistar a medalha de bronze nos Europeus e mais longe ainda do seu recorde pessoal, 20.43, que lhe teria permitido ser prata na China. Mas Dongmo faz ainda a sua recuperação depois de uma lesão grave, uma fratura no perónio que exigiu cirurgia.
Melhor esteve Jessica Inchude, que foi 6.ª na final com 18.71, numa prova em crescendo nos três primeiros lançamentos. A atleta de 28 anos vem de bater o seu recorde pessoal (19,21) há uma semana, na Taça da Europa de Lançamentos, e nos Europeus de Apeldoorn o peso também tinha voado mais longe, até aos 18.91, que lhe permitiu ser 5.ª. Ainda assim, as duas portuguesas confirmaram o seu lugar entre a elite das lançadoras.
A prova foi dominada pela canadiana Sarah Mitton, logo desde a 2.ª tentativa a elevar a fasquia com um lançamento de 20.36 que mais ninguém igualaria. No derradeiro ensaio, já com a medalha de ouro garantida, melhorou para 20.48. Bem longe, com 20.07, ficou a campeã da Europa há duas semanas, a neerlandesa Jessica Schilder, líder mundial com 20.69, marca que ficou longe de ser alcançada em Nanjing.
Chase Jackson, e a sua borboleta tatuada na testa, levaram para os Estados Unidos o bronze. No último lançamento, a bicampeã mundial ao ar livre, arremessou o peso até aos 20.06, ficando a um mero centímetro da prata de Schilder.