O dueto misto português que  conseguiu o quarto lugar nos Europeus de natação artística no Funchal saiu da piscina "feliz" pelo resultado, mas também pela evolução patente de um campeonato continental para outro.

"Ficamos sempre na expectativa de melhor, mas desfrutei imenso da prova. Sinto que vivi cada momento. Estou muito feliz", disse à Lusa Filipa Faria, de 27 anos, pouco depois de sair da piscina.

Ascenso e Faria melhoraram o quinto lugar que haviam conseguido no campeonato da Europa de 2024 ao lograrem 211.2512 pontos.

O primeiro lugar do pódio ficou para os espanhóis Iris Tió Casas, pouco antes prata no dueto livre absoluto, e Dennis González, que repetiu o título que em 2024 conseguiu com Emma García, com 290.4242.

No segundo lugar ficaram os italianos Filippo Pelati e Lucrezia Ruggiero, campeã pouco antes no dueto absoluto, e o bronze recaiu sobre Holly Hughes e Ranjuo Tomblin, do Reino Unido.

"Faço uma análise superpositiva, foram muito artísticos, o outro é mais romântico, este é mais forte. Acho que não podia ter corrido melhor", analisou a treinadora, Chilua Pegado.

Pegado criou uma coreografia "em conjunto", não só com os dois nadadores, como com Cheila Vieira, uma das melhores portuguesas de sempre, atualmente em pausa, para criar uma história com efeito "tão original e bonito" na piscina.

Ascenso uiva como o lobo, Faria mantém o capuchinho 'vivo' na narrativa e, no fim, protagoniza "um 'twist', porque no final é o capuchinho quem ganha", conta.

Se a treinadora gaba a "evolução artística brutal" de Daniel Ascenso, a própria dupla sente uma melhoria significativa no trabalho, depois de uma marca bem acima dos 200 pontos, no novo sistema de pontuação, e uma expansão de possibilidades no que conseguem fazer dentro de água.

"Acho que correspondemos às expectativas, acho que melhorámos bastante em relação ao ano passado. Mais um dueto, mais uma alegria, e sensação de dever cumprido", diz o jovem de 21 anos.

O objetivo, para os nadadores do GesLoures, passará por "continuar a trabalhar neste dueto", continuando a afinar para aumentarem a dificuldade, a pontuação artística, e assim se aproximarem dos adversários de pódio.

"Neste dueto, ainda há muita margem para melhoria, e é o nosso ponto de partida", diz.

Filipa Faria vê a mesma "margem de evolução". "Ainda podemos fazer muito com isto, eu vou ser sempre a pessoa chata a pedir mais dificuldade, a desafiar cada vez mais o Daniel, para melhorar tecnicamente e sentir-se mais à vontade na água, sair da zona de conforto", declara.

Se a mais experiente do dueto já competiu em solo, no Europeu de 2024, para o companheiro essa é uma hipótese descartada para já.

"O solo não é fora da minha zona de conforto, é uma emigração da zona de conforto. Era mudar-me para um continente diferente", brinca o nadador.