É a hora de todas as decisões na Liga 3!
Depois de uma primeira fase disputada em duas séries, os quatro primeiros classificados da Série A e os quatro primeiros classificados da Série B 'juntam-se' agora num campeonato de 14 jornadas para discutirem o acesso à 2ª Liga.
Numa prática que já vem sendo comum, o zerozero entrevistou os treinadores/capitães dos clubes em questão, numa conversa na qual foi feito não só o rescaldo da fase regular da prova, mas também a antevisão da fase de subida.
Guiou o Atlético CP ao primeiro lugar da Serie B da Liga 3 e, em entrevista ao zerozero, fez a retrospetiva do percurso trilhado pelo emblema da Tapadinha até aqui.
Além disso, Nikola Popovic abordou a fase de Apuramento de Campeão que se avizinha e o crescimento da equipa, depois de um início de temporada atribulado.
Zerozero: Na época passada, o Atlético terminou a fase regular em segundo e garantiu o acesso à fase de subida, mas acabou por terminar em penúltimo. Esta época, o objetivo passa pela subida à II liga?
Nikola Popovic: Estamos focados no processo, focados em desenvolver um modelo e uma cultura de jogo. Acho que estamos onde devemos estar. Conseguimos ficar nos quatro primeiros, conseguimos ser a primeira equipa a qualificar-se na nossa Serie e vencemo-la. O trabalho que estamos a desenvolver obriga-nos a focar no processo e, neste momento, estou focado no próximo jogo. Não consigo fazer futurologia. O que posso dizer é que nós, como equipa técnica e jogadores, vamos focar-nos para que o desempenho seja o máximo possível para estarmos na melhor versão de nós mesmos.
zz: Depois de três derrotas nas três jornadas de abertura da Liga 3, como foi dar a volta ao cenário a ponto de terminarem como líder da série B? Tendo em conta que o Atlético acaba na qualidade de segundo melhor ataque da Serie B e ainda como defesa menos batida, o feito ainda é mais relevante.
NP: Tem de se perceber o que estava a acontecer. Foi-me pedido para que implementasse um modelo de jogo, foi-me pedida uma cultura [de jogo], tudo isto com novos jogadores. Eram 15 novos jogadores, uma nova equipa técnica, uma nova SAD. Tudo era novo e tudo precisava de tempo, o tempo que nós não tivemos. Portanto, esta oscilação, estas dores de crescimento não foram surpresa. Sabíamos que, com o tempo, íamos desenvolver o processo e conseguir chegar a alguma estabilidade, embora, na minha opinião, isto ainda esteja numa fase muito embrionária. Haverá ainda altos e baixos; no entanto, acho que estamos focados neste processo. O trabalho está a ser bem feito, mas ainda há muita coisa pela frente.
Acho que a direção sabe perfeitamente para onde quer ir, no tempo que quer ir e percebe que, para se fazer um trabalho sustentado e para se criar os alicerces para chegar a níveis mais elevados, é realmente necessária essa estabilidade e essa consistência.
zz: Sendo o Nikola um profundo conhecedor do futebol português, qual foi, no seu entender, a maior dificuldade até agora?
NP: Sinceramente, a Liga 3 impressiona pela qualidade dos jogadores e dos treinadores. Foi uma primeira fase e é um campeonato altamente competitivo, onde sim, conseguimos ficar em primeiro lugar. No entanto, foi muito equilibrado, tanto numa serie como noutra. Penso que as equipas não têm assim grandes diferenças a nível de qualidade. A nível dos campos, para uma equipa que quer futebol atrativo, futebol positivo, que preferencia uma forma de jogar mais apoiada, mais espetacular, os campos não ajudam. Penso que um trabalho um pouco mais focado nessa parte, onde se possa jogar, permitiria um jogo mais mais bonito e mais atrativo. Não só para quem o pratica, mas para também quem vai assistir aos jogos.
zz: Juntamente com o Belenenses, com a Académica e com o Sporting da Covilhã, o Atlético CP é um dos históricos do futebol português representados nesta Liga 3 e na Série B. Este estatuto pesou, de alguma forma, no trajeto da equipa até aqui?
NP: Penso que não. Obviamente que há um passado, os adeptos e uma responsabilidade maior para nós, para a Académica, para o Belenenses. Equipas com mais tradição têm sempre essa responsabilidade. No entanto, todo esses clube passam por fases diferentes. No final, quando o jogo começa, são 90 minutos de ombro a ombro, taco a taco e o melhor vencerá. Foi isso que se passou. O primeiro perdeu com o último... As camisolas acabam por não jogar. É quem está melhor no momento e quem consegue fazer um desempenho melhor que vai acabar por ganhar mais vezes.
zz: Metade dos golos do Atlético CP foram marcados pelo Elias Franco- o melhor marcador da Série B. Era uma intenção prévia tornar o Elias o melhor marcador da equipa ou foi algo que surgiu com o decorrer da época?
NP: O Elias está num nível muito, muito elevado. Penso que ele está a dar uma boa continuidade àquilo que tinha feito já o ano passado no Amarante. Também foi um jogador que no início teve algumas dificuldades, no entanto, à medida que foi ganhando forma e que percebeu o modelo de jogo e cultura foi-se formatando. Acho que tem vindo a ter um desempenho muito elevado e é realmente espetacular o que tem feito até agora.