
- Olhando para a história, Portugal já leva muitos anos sem vencer a Alemanha, desde 2000. Como podemos contrariar a história?
- Sabemos que vamos defrontar uma excelente seleção, como todas as que estão nesta final four. São as melhores seleções europeias neste momento, portanto serão jogos extremamente difíceis. Esperamos que o resultado seja diferente do dos últimos 25 anos e vamos fazer tudo para que aconteça. Sabemos, claro, que jogamos contra uma grande seleção e ainda mais a jogar em casa. Também conhecemos muito bem as nossas capacidades e sabemos que temos as nossas forças para conseguir inverter essa história.
- Esta acabou por ser uma época um pouco atípica em termos de densidade competitiva. Os campeonatos terminaram agora, vem a Liga das Nações, segue-se o Mundial de Clubes - como é que o Ruben se sente fisicamente? Imagina um Mundial de Clubes sem a presença do Cristiano Ronaldo?
- A densidade tem vindo a crescer nos últimos anos, como todos sabemos. Não creio que seja benéfico para o jogador, porque temos encontrado recentemente muitas lesões em todo o mundo e isso é um pouco a consequência da intensidade dos jogos, como disse. Mas são competições importantes, essa é uma nova competição, num formato diferente, novo, que acredito que seja um sucesso. Em relação ao Cristiano não posso responder, não sei o que vai acontecer, só mesmo ele, mais ninguém deverá responder a isso.
- Uma competição como a Liga das Nações, que até nasce dos jogos de preparação, arrisca ser inversamente proporcional ao sucesso dos jogadores numa temporada que é uma maratona?
- Não, acho que quando temos este tipo de competições, este patamar, o cansaço fica para segundo plano. Temos como grande objetivo ganhar esta competição, como já o fizemos. Acho que desde o momento que aqui chegamos, o cansaço fica para trás e o nosso grande foco é vencer os dois jogos e conquistar a Liga das Nações. Somos todos profissionais e temos todas as ferramentas possíveis para recuperar da melhor forma e estar na melhor forma para o primeiro jogo. É esse o nosso grande objetivo, começando hoje já com o primeiro treino.
- Bruno Fernandes tem sido apontado ao Al Hilal, clube que o Ruben representa. Recomenda o seu companheiro de seleção?
- Recomendo todos os jogadores da Seleção Nacional, como é óbvio. Felizmente, Portugal tem lançado imensos talentos e continua a fazê-lo. Somos um país sortudo nesse aspeto. Muito trabalhador, também. Um país muito pequeno mas que tem lançado excelentes jogadores. Ainda ontem vimos quatro dos nossos jogadores [Gonçalo Ramos, João Neves, Nuno Mendes e Vitinha] a levantarem a Liga dos Campeões. É um excelente sinal para Portugal. Gostaria de ter qualquer jogador da Seleção na minha equipa».
- Jorge Jesus abandonou o Al-Hilal durante a temporada, Cristiano Ronaldo pode também estar de saída do Al-Nassr. Quanto acha que os dois influenciaram o futebol saudita?
- São dois nomes muito importantes para Portugal e aproveito essa frase para dizer que o mais importante é Portugal. Estamos numa final four da Liga das Nações, o campeonato saudita acabou, portanto vamos focar-nos ao máximo nesta competição. Acho que não é o momento ideal para falar do campeonato saudita. Já terminou, e agora vamos focar-nos no que é realmente importante.
- Com a saída de Jorge Jesus, o Ruben passa a ser o português com mais tempo de Al-Hilal. Fala-se do interesse do clube em Bruno Fernandes e até de o próprio Cristiano Ronaldo poder seguir para o Al-Hilal. Sabendo também que o número de estrangeiros é limitado no campeonato da Arábia Saudita, o próprio Ruben poderia, eventualmente, sair para que algum novo jogador entre. Consegue garantir a continuidade no Al-Hilal?
- Tenho contrato no Al-Hilal, portanto irei focar-me totalmente no Al-Hilal assim que termine a Liga das Nações. Agora estou a focar-me na Seleção Nacional.
- Rodrigo Mora é a grande novidade da convocatória e, curiosamente, é um jogador que se afirmou no FC Porto aos 17 anos, tal como o Ruben Neves. Que comentário é que faz à época do Rodrigo Mora no FC Porto?
- Fico muito feliz, Portugal tem a sorte de lançar jovens com muita facilidade e temos assistido a isso nos últimos anos. O Rodrigo Mora é mais um jogador fora de série que apareceu numa idade muito jovem e num grande clube, não é fácil. Numa época um pouco atípica para o FC Porto, conseguiu sobreviver a isso. Acho que isso é de louvar, acredito que seja uma mais-valia também para nós na Seleção, vamos recebê-lo como o fazemos com todos os jogadores que chegam pela primeira vez e tentar ajudar o máximo possível para que se sinta na melhor forma.
- O Ruben faz parte do lote de jogadores que venceu a Liga das Nações em 2019, na altura com 22 anos. Parte com o mesmo espírito de 2019?
- Sempre. Acho que desde o primeiro dia que cheguei à Seleção Nacional, tenho o mesmo espírito e que qualquer um de nós aqui presente na Seleção vem com esse espírito também. É um orgulho enorme poder fazer parte da Seleção Nacional. Portanto, o espírito é sempre o mesmo. Somos uma excelente Seleção, tentamos sempre ganhar todas as competições em que participamos e desta vez não vai ser diferente. Tanto a nível individual como coletivo, tenho a certeza de que o espírito é sempre o mesmo, que é tentar vencer todos os jogos.
- Ontem, quatro jogadores portugueses ganharam a Liga dos Campeões. Como comenta essa conquista e a época deles? Nomeadamente sobre Vitinha e João Neves, como olha para essa dupla? Fica mais difícil jogar na Seleção?
- Acho que a seleção tem muita qualidade., como foi demonstrado ontem nessa final da Liga dos Campeões. Não só o Vitinha e o João, mas também o Nuno Mendes e o Gonçalo Ramos, fizeram uma excelente época, são, sem dúvida, a melhor equipa do mundo neste momento e eles são dos melhores jogadores do mundo neste momento também. Sem dúvida que o João Neves e o Vitinha são dois dos melhores jogadores do mundo neste momento.
[Questões colocadas por uma das crianças presentes na assistência, em comemoração do Dia Mundial da Criança]
- Costuma falar com os seus filhos antes dos jogos? Pedem alguma coisa ou dão-lhe conselhos?
- A única coisa que as minhas filhas me pedem é para eu festejar da maneira que eles querem, só que o pai delas não marca muitos golos, portanto não é muito certa essa parte (sorri)… as minhas filhas gostam muito de futebol e é sempre uma felicidade tê-las a apoiar.
- Vai levar algum objeto das suas filhas para a Alemanha, para dar sorte?
- É uma boa pergunta! Tenho um colar que anda sempre comigo, que tem a foto dos meus filhos e da minha mulher. É o único objeto que levo sempre comigo para todo o lado, para todas as competições e jogos.