
Menos de um ano decorreu e Ricardo Mangas está de regresso a Portugal, com um novo desafio no Sporting. A passagem pelo Spartak Moskva, surpreendentemente, foi de reduzido protagonismo para o ala luso.
Com vários interessados no passado verão, o Spartachi assegurou a contratação em setembro de 2024 ao Vitória SC. 18 jogos disputados e sem grande espaço no emblema de Leste, a saída acaba por acontecer pela porta pequena.
Antes da aventura em Alvalade, era importante perceber o que correu mal no capítulo anterior da carreira de Mangas. Para isso, o zerozero conversou com Joel Amorim, escritor de futebol e seguidor atento do futebol russo.
«Na Rússia fala-se só em opções técnicas»
Contratado por dois milhões de euros e com o comboio já em andamento na sua chegada, Ricardo Mangas somou apenas os primeiros minutos pelo Spartak Moskva na oitava jornada da Liga Russa.
Nos meses seguintes, a falta de protagonismo do canhoto surpreendeu quem via de fora a sua aventura, mas também quem acompanha de forma mais atenta o futebol de leste.
«Raramente foi opção na última temporada e só jogou um encontro completo na Liga, com um pouco de mais espaço na Taça. O Dejan Stankovic apostou sempre no Oleg Reabciuk e fiquei mesmo com a sensação de que o Mangas era visto como a terceira opção, até atrás do adaptado Daniil Khlusevich, que chegou a fazer testes no FC Porto B», começou por analisar Joel Amorim.

«A utilização do Mangas variou entre lateral e médio esquerdo, mas com poucos minutos. Ainda assim conseguiu dois golos, porém, foi uma época desapontante para o que tinha apresentado no Vitória SC. Longe de ter o protagonismo esperado.»
Naturalmente, as dúvidas sobre a relação de Mangas com o treinador e a sua adaptação surgiram, mas a imprensa local em nenhum momento relatou algo a nível comportamental sobre o jogador português.
«Talvez as suas características não fossem ao encontro daquilo que o Stankovic pretendia. O Ricardo também só chegou ao Spartak em setembro, com a época na Rússia a começar em julho. Fator que pode ter tido influência», lembrou Joel Amorim.
«Tive o cuidado de procurar e não há nada que lhe seja apontado na imprensa russa. Parecem ter sido apenas decisões técnicas do treinador.»
«Parece-me um mau negócio para o Spartak»
Curiosamente, o final da aventura de Ricardo Mangas da Rússia acontece após titularidades consecutivas no início de 2025/26.
Este crescimento nas opções de Dejan Stankovic deixou Joel Amorim surpreendido com a saída do ala, assim como o valor da transferência para o Sporting.
«É curioso porque ele começou esta época como titular. Esteve a um nível fantástico na primeira jornada, muito ativo ofensivamente e conquistou as faltas que originaram a expulsão no Dynamo Makhachkala. Teve algumas culpas num golo sofrido na derrota mais recente, contudo, foi um jogo marcado por dois cartões vermelhos mostrados ao Spartak.»
«Até pensei que estava a ler mal o valor (risos). 300 mil euros e 20 por cento de uma futura venda parece-me um mau negócio. Tem 27 anos e é uma grande desvalorização numa época. O Spartak faz algumas movimentações estranhas, por vezes. O Mangas também pode ter colocado alguma pressão para sair, mas é surpreendente.»
«Parecia estar a ser opção esta época. Financeiramente também não me parece um motivo, pois o Spartak vai bater o seu recorde de transferências com a contratação do Gedson Fernandes», concluiu.
Recorde AQUI a entrevista feita pelo zerozero a Ricardo Mangas em 2023 e conheça as suas origens.