O alto de Izua não deixa nenhuma dificuldade por expor. Estreitas e empinadas, a 20% nos piores pontos, são as estradas. O esgar de sofrimento raramente corresponde à força verdadeiramente transposta para os pedais. Quando se pôs à frente do grupo principal, a postura de João Almeida não foi exuberante, mas o ritmo imposto, esse sim, foi demolidor. Atrás, vários ciclistas foram descarregados de imediato, percebendo-se que seguir o líder da UAE Emirates até ao cume seria impossível para todo o pelotão.

Para azar dos azares, a meta não estava plantada nos píncaros daquela dureza de mais de 3,5 quilómetros e uma pendente média de 9,6%. Cantar vitória no topo daquela saliência em Eibar seria um erro. Parece inglório, mas tudo aquilo que João Almeida subiu ia ainda ter que descer e, sabe-se, esse não é o seu forte.

Até ao risco de meta, João Almeida correu contra si mesmo numa longa descida. Não é característica que geralmente o distinga dos restantes esta capacidade de se deixar guiar pela gravidade a velocidade elevadas. Além disso, atrás do corredor de A-dos-Francos estava uma matilha a salivar por um deslize. De qualquer modo, fê-lo tão bem como tinha subido no ioiô que foi a quarta etapa

João Almeida manteve-se íntegro até a meta, conquistando a segunda vitória da temporada depois de já ter arrecadado uma etapa no Paris-Nice. O grupo que o perseguia não se antecipou o suficiente e Maximilian Schachmann, alemão da Soudal Quick-Step que tinha apenas quatro segundos de vantagem na classificação geral, chegou a 28’’ e perdeu a camisola amarela para o português.

"Foi bom ganhar de novo", admitiu. "Para ser honesto, não me estava a sentir bem. Fiz a minha corrida. A equipa foi fantástica de novo." O caminho para o triunfo foi exatamente aquele que tinha sido imaginado. "O plano era fazer o melhor na última subida e tentar ir sozinho. Foi perfeito." Agora, é pensar "dia a dia".

Desde 1975 que um português não vencia uma etapa na Volta ao País Basco. O autor do feito, único até aqui, foi Fernando Ferreira. Para vencer a classificação geral da Volta ao País Basco, João Almeida tem que resistir a mais duas etapas. Por agora, o segunda colocado, Schachmann, tem 30 segundos (excluindo bonificações) de desvantagem.