Pedro Proença anunciou esta sexta-feira, durante a Cimeira de Presidentes da Liga, que Helena Pires vai ser a nova secretária-geral da FPF, assumindo a Liga de Clubes de forma interina até às eleições para a presidência deste organismo. Na sua declaração, Proença disse ainda que quer um "futebol único".
"Encerro hoje um ciclo de 10 anos na presidência da Liga Portugal, tendo já apresentado a renúncia ao cargo de presidente desta instituição. Na próxima segunda-feira, assumirei um novo desafio. Um desafio em grande parte sustentado e assumido pelo futebol profissional. Um desafio que me investirá como presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Neste último dia, enquanto presidente da Liga, não posso deixar de expressar o orgulho que sinto pelos 10 anos de trabalho desenvolvido à frente das competições profissionais", começou por dizer.
"Parto deixando uma instituição financeiramente sólida, tendo sido possível recuperar uma organização em pré-insolvência e transformando-a numa instituição preparada para o futuro. Parto orgulhoso pela recuperação da credibilidade de uma instituição que é hoje um exemplo de liderança no contexto externo e farol para os principais parceiros do futebol internacional. Parto orgulhoso por um percurso que alavancou as competições profissionais, hoje procuradas por parceiros cada vez mais robustos, sinal evidente da sua vitalidade e credibilidade. Mas parto, acima de tudo, orgulhoso pela forma como os clubes se souberam unir em torno de um ideal que sempre guiou o nosso caminho. Adversários dentro do campo, mas parceiros de uma indústria. É esse, porventura, o maior legado destes últimos 10 anos na presença da Liga Portugal", acrescentou Proença.
Eis todo o discurso de despedida daquele que será empossado como novo presidente da FPF na próxima 2ª feira:
UM NOVO FUTEBOL PROFISSIONAL: "Deixamos uma nova forma de encararmos o futebol profissional, com responsabilidade, ambição e união, mas, sobretudo, com muito profissionalismo. Sem falsas modéstias, por não ter sobre isto qualquer dúvida, atrevo-me a dizer que deixamos hoje um novo futebol profissional, muito diferente daquele que encontramos em 2015. E esse é, sem sombra de dúvidas, o nosso maior orgulho."
NOVA ERA NA LIGA PORTUGAL: "Porque não há futuro sem passado, partimos com a legitimidade para valorizar o caminho percorrido. Caminho que nos garante, nesta hora, em que a organização entrará numa nova era, que os clubes e os seus presidentes saberão encontrar uma solução que mantenha a Liga Portugal neste rumo de crescimento, com responsabilidade e união. O futuro não pode desvirtuar os resultados conjuntos conquistados nesta última década. O que construímos não pode ser desperdiçado. Saio desta última Cimeira de Presidentes convicto que assim será. De que amanhã nascerá, com a mesma ambição e sempre buscando, sonhos maiores."
O SIMBOLISMO DE UMA PRESIDENTE: "Até ao momento da eleição, gostaria de vos informar que será a doutora Helena Pires a nova Presidente da Liga Portugal. Com o simbolismo de ser a primeira mulher a assumir a responsabilidade do futebol profissional. CEO desta casa e a alma de tanto daquilo que conquistámos. Tem um robusto currículo no futebol profissional, que conheço há mais de duas décadas e atrevo-me a dizer que se confunde com aquilo que é a marca Liga Portugal. À Helena Pires desejo-lhe as maiores felicidades. E isso estará obviamente garantido. O futuro imediato está pois assegurado. Reitero finalmente a certeza de que os clubes e os seus presidentes saberão, neste período de transição, encontrar a melhor solução que defenda o futebol profissional."
HELENA PIRES SEGUE PARA A FPF: "A doutora Helena Pires será a futura secretária-geral da Federação Portuguesa de Futebol. Foi anunciado há pouco aos clubes. Estará aqui na Liga durante este período de vacatura, de forma a garantir a transição, dentro de um sentimento de responsabilidade, que já tinha sido assegurado aos clubes, que assim será. Portanto, assim que forem marcadas de forma definitiva as eleições na Liga, a doutora Helena Pires transitará para a Federação Portuguesa de Futebol."
UM LEGADO DE UNIÃO: "O maior legado que aqui deixamos é esta união que hoje se vive à volta do futebol profissional. Esta capacidade de gerar consensos, nem sempre convergentes na totalidade, mas de perceber que a indústria do futebol hoje é uma indústria que tem que viver com a soma de todos."
FUTEBOL PORTUGUÊS A UMA SÓ VOZ: O futebol profissional está cheio de desafios. Ainda há pouco acabámos de os sinalizar nesta Cimeira de Presidentes. Temos que completar a centralização dos direitos televisivos, a alteração dos quadros competitivos, a redução dos custos de contexto. Portanto, há uma panóplia de desafios que são inacabáveis, mas que temos pela frente. E o compromisso que hoje assumimos na Federação Portuguesa de Futebol e nos clubes é que estaremos todos juntos. E, de uma vez por todas, o futebol português terá uma só voz, uma só voz de liderança, e essa será assumida pela Federação Portuguesa de Futebol."
NOVA ERA COM O FUTEBOL NÃO PROFISSIONAL: "Hoje estou absolutamente tranquilo que a maturidade dos clubes fará com que encontrem uma boa solução. O meu compromisso com os clubes do futebol profissional, com quem convivi dez anos, foi a de que, enquanto presidente da futura Federação Portuguesa de Futebol, haverá uma nova era nas relações entre o futebol profissional e o futebol não profissional. Serão quebradas aquelas que foram as barreiras que, durante muitos anos, se viveram, assumindo eu o compromisso de verdadeiramente haver um futebol único."
CONTAS POSITIVAS NA LIGA PORTUGAL: "Este foi o trabalho dos clubes do futebol profissional. Mas diz, obviamente, que é o resultado de uma visão. A Liga estava verdadeiramente, em 2015, num estado de insolvência técnica. Tivemos de refundar a forma de ver o futebol profissional. Fizemos isso com os clubes e hoje a Liga vive aquilo que é a sua realidade económico-financeira, um momento de felicidade. Aquilo que deixamos é um legado, obviamente, de responsabilidade, mas de quem vier, de que as coisas hoje estão totalmente diferentes."