
O incumprimento do parâmetro 'estabilidade' das directivas do fairplay financeiro da UEFA foi mais uma pesada herança que a atual administração do FC Porto, liderada por André Villas-Boas, herdou do passado recente. No entanto, os negócios entretanto realizados oferecem perspetivas de cumprimento a breve trecho, sendo que a renegociação do contrato com a Ithaka foi o ponto de partida. Palavra de José Pedro Pereira da Costa.
"O incumprimento diz respeito às épocas 2022-23 e 2023-24, terminando em junho de 2024. A administração actual foi nomeada em maio, tivemos um mês. Como é lógico, seria impossível inverter o que já vinha de trás. Este incumprimento de 55 milhões negativos é factual e real. Esta abertura de procedimento passa, por um lado, por mostrar à UEFA que, entretanto, houve este aporte adicional de capital de 50 milhões, aos quais se seguirão mais 15 milhões em Junho de 2026 e potencialmente outros 35 milhões dependentes de objectivos", afirmou o administrador financeiro dos dragões em entrevista ao Público, colocando, depois, as vendas de Nico González e Galeno, em janeiro, respetivamente por 60 e 50 milhões de euros na balança.
"Fizemos duas vendas muitíssimo significativas que nos vão colocar em 2024/25 numa situação mais do que cumpridora desta regra de estabilidade. Já agora, como nota adicional, digo-lhe que se projectarmos a época 2025/26, com as vendas realizadas em janeiro e tendo em conta os resultados [financeiros] de 2024/25, vamos ficar numa posição bastante confortável de cumprimento, mesmo no cenário de não virmos a ter Liga dos Campeões", acrescentou Pereira da Costa, concluindo depois sobre o tema.
"Isto deixa-nos bastante tranquilos, para não termos de fazer vendas milionárias. Teremos de fazer algumas vendas, mas diria que, no limite, basta conseguirmos vender alguns dos emprestados, nomeadamente o mais conhecido, Francisco Conceição. Basta uma venda e ficaremos cumpridores desse critério de estabilidade já na próxima época. Nesta época, acho que já iremos cumprir. Para o ano, mesmo sem Champions, num cenário de normalidade, ficaremos cumpridores", garantiu.
Admitindo que as projeções do próximo ano "estão a ser feitas para todos os cenários", Pereira da Costa vinca que o FC Porto "tem tudo em dia" e vira-se para o plano desportivo.
Reconhecendo que as verbas a encaixar com o Mundial de Clubes podem "suavizar ou mitigar um bocadinho" a falta de receitas da UEFA com a Liga dos Campeões, o dirigente portista atira: "Queremos estar preparados para, não havendo Liga dos Campeões, termos o melhor desempenho desportivo possível no próximo ano na Liga Europa, e ter uma equipa competitiva e voltar a ter também resultados desportivos. Isto dos resultados financeiros também é difícil sem resultados desportivos. Portanto, há que voltar a entrar outra vez no ciclo virtuoso do desempenho desportivo/ Champions e do desempenho financeiro."